quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

31 DE DEZEMBRO - AMADEU MEIRELES

EFEMÉRIDEAmadeu José Meireles da Costa, homem da rádio e do teatro português, nasceu no Porto em 31 de Dezembro de 1928. Morreu na mesma cidade em 2 de Julho de 2004.
Com 21 anos, partiu para Coimbra, onde cumpriu o serviço militar. Nesta cidade, conheceu José Afonso, quando a repulsa pelo regime político que dominava então o país levava os estudantes universitários, noite após noite, a realizar debates e tertúlias.
Amigo pessoal de António Pedro, com ele fundou o Teatro Experimental do Porto em 1953. Em Junho desse ano, participou como actor na estreia desta companhia, no Teatro Sá da Bandeira, com a peça “A Nau Catrineta”, uma história tradicional adaptada ao teatro por Egito Gonçalves.
A passagem pela representação foi ligeira, pois o seu jeito para ensaiar era mais forte, tornando-se o braço direito do mestre António Pedro. Com talento notável para declamar, participou igualmente em muitas tertúlias culturais na Cooperativa do Povo Portuense, um dos seus locais preferidos e onde tinha grandes admiradores.
Em 1963, Monique Solal criou o primeiro e único curso de ballet no Conservatório de Música do Porto e Amadeu Meireles foi o seu encenador.
Foi apresentador do programa “Festival” da autoria do empresário Domingos Parker, exibido no Palácio de Cristal no Porto, onde foram lançadas as cantoras Maria da Fé e Lenita Gentil, entre outros.
As tardes de domingo eram passadas na Rádio Emissores do Norte Reunidos, onde fazia teatro radiofónico e participava no programa da tarde desportiva.
No final de 1963, tornou-se locutor residente da Rádio Renascença. Foi autor e locutor de um dos mais conhecidos programas radiofónicos da época, “Clube da Juventude”, com forte pendor cultural, divulgando literatura e música ligeira internacional. Nesta emissora, foi também autor e locutor da aplaudida rubrica diária “Peço a Palavra”, dedicada a personalidades que de algum modo se notabilizavam, por acontecimentos de cariz cultural, social ou político, e a acontecimentos dignos de relevo, que muitas vezes passavam despercebidos nas edições dos jornais.
A arte da sua escrita permitia camuflar nos seus textos a abordagem política, fintando o regime da época e os seus censores. Com fortes ideologias políticas de esquerda, Amadeu Meireles entrou em confronto com o então director da Rádio Renascença, Arala Pinto, e decidiu deixar aquela emissora, transferindo-se para o Rádio Clube Português, levando consigo o programa “Clube da Juventude”, que manteve o nível de audiência.
Escreveu alguns textos satíricos para os Parodiantes de Lisboa, programa de rádio muito popular. Em 1966, fundou – juntamente com Ofélia Diogo Costa – o Círculo Portuense de Ópera.
Nas décadas 1960/70, colaborou com Resende Dias e Roger Sarbib escrevendo letras para várias composições de música ligeira. Em 1972, foi convidado pela RDP – Antena 1 para fazer a locução radiofónica do Festival Eurovisão da Canção, em simultâneo com a transmissão televisiva da RTP. O mesmo aconteceria em 1973 e de 1975 a 1978.
Apesar destas colaborações, foi-se afastando progressivamente da rádio, para se dedicar ao ramo da química industrial até 1985, como técnico e empresário.
Regressou à rádio em 1986. Até 1990, foi autor e realizador de vários programas na Rádio Placard do Porto, na altura uma rádio cultural. Colaborava ainda no trabalho técnico dos estúdios de gravação e apoiava os novos locutores.
Entre 1991 e 1992, colaborou com a Companhia Seiva Trupe na peça “O Comissário de Policia” de Gervásio Lobato, no Teatro Carlos Alberto.
Em 2000, por doença, isolou-se em Tábua, na Fundação Sarah Beirão. Veio a falecer no Porto quatro anos mais tarde. 

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