sábado, 12 de março de 2022

12 DE MARÇO - BACIRO DABÓ

EFEMÉRIDE - Baciro Dabó, político da Guiné-Bissau, nasceu em Bigene no dia 12 de Março de 1958. Morreu em 5 de Junho de 2009. Considerado um aliado próximo do presidente do país, Nino Vieira, serviu como ministro da Administração Territorial no seu governo e estava a concorrer como candidato na eleição presidencial de Junho de 2009 quando foi morto por forças de segurança, supostamente porque estaria envolvido numa tentativa de golpe de Estado.

Dabó era um cantor e um jornalista antes de entrar para a política. Como chefe da segurança pessoal do presidente Kumba Yalá, anunciou, em Fevereiro de 2001, que uma trama para assassinar o presidente depois de seu retorno de tratamentos médicos em Portugal, «fomentada por uma guerra etno-rreligiosa», havia sido frustrada, e os seus responsáveis presos. Pouco tempo depois, Yalá demitiu Dabó de seu cargo, em 27 de Fevereiro de 2001, sem qualquer explicação. Em 2002, Dabó passou a ser funcionário do ministério do Interior do país.

Dabó era um membro de longa data do partido governante no país, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e era um aliado íntimo do presidente Vieira. Foi indicado parta secretário de Estado para a Ordem Pública em 9 de Novembro de 2005, cargo que ocupou até que Mamadu Saico Djalo foi indicado para substituí-lo, em 28 de Julho de 2006; na sequência, tornou-se conselheiro de Informações de Vieira, no fim de Novembro de 2006.

Quando um governo formado por uma aliança tripartidária hostil a Vieira subiu ao poder, no meio de Abril de 2007, Dabó foi incluído no governo como ministro da Administração Interna; era o único ministro naquele governo a ser considerado aliado de Vieira, que o demitiu do cargo em Outubro de 2007 (segundo algumas teorias, devido a pressões dos líderes de oposição e autoridades militares). Após a eleição parlamentar de Novembro de 2008, Dabó reassumiu um cargo no governo, desta vez como ministro da Administração Territorial, em 7 de Janeiro de 2009.

Vieira foi assassinado por membros das forças armadas do país em 2 de Março de 2009; os soldados mataram-no em retaliação por uma explosão anterior que matara o chefe de gabinete Batista Tagme Na Waie - que tinha uma longa e violenta rixa com Vieira. Ninguém foi responsabilizado pela morte e uma eleição presidencial para escolher um novo mandatário foi marcada para 28 de Junho. Dabó renunciou ao seu cargo no PAIGC e como ministro em meados de Maio de 2009 e lançou-se como candidato independente na eleição, cuja campanha ele iniciaria em 6 de Junho.

Os seus partidários dizem que, entre as 3h30 e 4 da madrugada (horário local e GMT), em 5 de Junho de 2009, um grupo de cerca de 30 soldados uniformizados e armados teria chegado à casa de Dabó e exigido vê-lo. Os soldados teriam então aberto o seu caminho a tiros até o quarto de Dabó, onde ele estava deitado com a sua esposa, ferindo membros da equipa de seis homens que fazia a sua segurança. Os soldados teriam então disparado contra Dabó diversas vezes, matando-o instantaneamente. De acordo com a Agence France-Presse, uma «fonte médica» teria informado que Dabó apresentava três ferimentos causados por balas de AK-47, no abdómen e um na cabeça, todos provocados por disparos feitos a queima-roupa.

As autoridades de Guiné-Bissau apresentavam uma versão diferente dos factos ocorridos, afirmando que Dabó teria morrido durante uma troca de tiros, ao resistir à sua prisão, por uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-ministro da Defesa Hélder Proença também teria sido morto, numa estrada entre Bula e Bissau, juntamente com o seu motorista e um guarda-costas. Diversos outros políticos do PAIGC foram detidos pelas forças de segurança do país, como parte da investigação a respeito do suposto golpe. O serviço de inteligência estatal da Guiné-Bissau afirmou que as intenções do golpe eram «eliminar fisicamente o chefe das forças armadas, derrubar o chefe de Estado interino e dissolver a Assembleia Nacional».

O jornalista Jean Gomis, citado pela BBC, afirmou que Dabó teria sido morto sob ordens de líderes militares, que temiam serem culpados pelo assassinato do presidente, se Dabó vencesse a eleição. Analistas consultados pela agência de notícias Reuters declararam que, caso um vácuo de poder se instaurasse no país, cartéis de droga latino-americanos poderiam expandir a sua influência no país, que serve como um porto estratégico para a remessa de cocaína à Europa. O secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon afirmou que estava «preocupado com o surgimento de um padrão de assassinatos de personalidades de alto escalão na Guiné-Bissau», e enfatizou «a importância e a urgência de se conduzir uma investigação rigorosa, transparente e digna de crédito sobre as circunstâncias destes assassinatos».

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
- Lisboa, Portugal
Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...