Nascida no Sul de França, é filha
do operário Roger e da dona-de-casa Marcelle, que enfrentaram grandes
dificuldades económicas para criar os seus catorze filhos: Mireille (a mais
velha), Monique, Christiane, Marie-France, Réjane, Régis, Guy, Roger,
Jean-Pierre, Rémy, Simone, Philippe, Béatrice e Vincent. A família viveu
durante anos numa modestíssima casa de madeira, sentindo na pele o rigor do Inverno
e da chuva, que atravessavam as frágeis paredes.
Mesmo quebrando pedras
(literalmente), Roger, o seu pai, alimentava o sonho de poder cantar, visto que
possuía uma bela voz de tenor. Neste ambiente, Mireille cresceu e herdou o
talento musical do pai. Aos quinze anos, quando debutante, Mireille e a sua
família conseguiram um apartamento de cinco divisões e
ela pôde, enfim, tomar um banho quente e decente. Segundo ela mesma, esse foi o
dia mais feliz de sua vida.
Grande admiradora de Edith Piaf,
Mireille cantou precocemente em público pela
primeira vez aos quatro anos, na Missa do Galo da Igreja Matriz de
sua cidade. Porém, para tornar-se uma grande estrela internacional, não bastava
apresentar-se para a família e os amigos, que a apelidaram de “la vie en
rose”, por motivos óbvios.
Enquanto, estudava Canto e
ouvia atentamente os conselhos da professora Laure Collière, e trabalhava duro numa
fábrica de envelopes. Aos dezoito anos, em 21 de Novembro de 1965, participou num
concurso de calouros, no programa “Télé Dimanche”.
O público prefere outra candidata mas, para sorte de Mireille, o empresário
Johnny Stark assiste à apresentação e aposta em Mireille. O seu primeiro disco,
em 45 rotações, vendeu mais de um milhão de cópias, com as músicas “Mon
credo”, “C’est ton nom”, “Qu’elle est belle” e “Le
funambule”.
Johnny Stark teve várias e longas
conversas com Mireille, explicando todas as dificuldades da profissão, mas que
se ela estivesse disposta a trabalhar muito, ensaiar muito, estudar muito e fizesse o que
ele mandasse, ele a transformaria numa grande estrela, que seria conhecida e
admirada em toda França.
Mireille teve como mentores o
maestro Paul Mauriat e o compositor André Pascal, que começaram a ensinar-lhe
técnicas vocais para que usasse melhor a sua potência vocal, colocar a voz mais
adequadamente e respirar de maneira correcta. Ao
mesmo tempo, Mireille tinha aulas de Francês e de Inglês, além de
boas maneiras, comportamento social, como caminhar num palco, num estúdio de
televisão, como dominar a distância certa de cantar ao microfone e todas as
inúmeras coisas, necessárias ao bom desempenho de uma cantora.
Com uma ascensão meteórica na sua
carreira, Mireille participa em programas de televisão nos Estados Unidos e
apresenta-se no Olympia, em 1967. O Instituto Francês de Opinião
Pública, na época, pesquisou junto ao público e declarou Mireille como a
cantora preferida do povo francês.
Depois de se apresentar na TV em
1965, e da sua estreia no “Olympia” em 1966, Mireille já era uma
celebridade de domínio público. Foi saudada pela imprensa com grande espalhafato
e anunciada como a «próxima Edith Piaf», pela evidente semelhança do seu timbre
de voz com o de Edith, falecida três anos antes.
A sua versão “La dernière
valse”, que era um sucesso em inglês do cantor britânico Engelbert
Humperdinck - “The Last Waltz” - foi uma ponte segura para tornar
Mireille muito popular no Reino Unido.
Com os seus repetidos sucessos
foi parar o Canadá e Estados Unidos, onde se apresentou no famoso e indispensável “The Ed Sullivan Show” e, no
outro dia, 50 milhões de pessoas já conheciam Mireille Mathieu. Cantou em Las
Vegas, ao lado de Dean Martin e Frank Sinatra e foi um sucesso quase
surpreendente. De público e da crítica.
Mireille já provou a sua
qualidade superior e tornou-se a embaixatriz da cultura francesa ao redor do
mundo. Os seus fãs espalham-se da China ao Brasil, incluindo a antiga União
Soviética. Frequenta os palcos sofisticados de Monte Carlo e tem a humildade de
se curvar diante de sua musa Edith Piaf. Ainda muito requisitada, continua a apresentar-se
pelo mundo, fazendo digressões regularmente pelo Carnegie Hall de Nova Iorque,
no Sport Palais do Canadá e no The Ice Palace de São Petersburgo.
Nos seus mais de 50 anos de
carreira, Mireille, já gravou mais de 1 200 músicas, vendeu mais de 1 30
milhões de cópias dos seus álbuns e mais de 55 milhões de singles. Já cantou em
nove línguas e foi a primeira artista do ocidente a fazer um concerto de música
popular na China.
Ao longo de todos esses anos, ela
cantou e gravou com nomes como Paul Anka, Charles Aznavour, Barry Manilow, Tom
Jones, Julio Iglesias e o alemão Peter Alexander.
Gravou o disco “Mireille
Mathieu chante Edith Piaf” (1993), no qual canta 13 das mais famosas e
populares músicas do seu ídolo eterno.
Comemorou os seus 40 anos de
carreira em 2005, com uma grande apresentação no “Olympia”, onde foi
gravado o seu primeiro DVD, “Mireille à l’Olympia”, além de um CD, que
lhe deu o prémio Disque d’Or.
Em 2007, participou num superespectáculo
de televisão na Alemanha, um dos países de público mais fiel, para receber o prémio
de Melhor Cantora Internacional.
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