EFEMÉRIDE – António Feliciano de Castilho, escritor romântico português, polemista e pedagogo, inventor do Método Castilho de Leitura, nasceu em Lisboa no dia 28 de Janeiro de 1800. Faleceu, também na capital portuguesa, em 18 de Junho de 1875.
Foi muito doente em criança, com sérios sintomas de tísica, que culminaram aos seis anos de idade com um ataque de sarampo que o deixou cego. A cegueira impediu-o durante toda a vida de escrever e ler, tendo de estudar ouvindo a leitura de textos e sendo obrigado a ditar toda a sua obra literária.
Aprendendo somente pelo que ouvia ou lhe diziam, Castilho conseguiu alcançar razoável erudição no latim e nas humanidades clássicas, o conhecimento superficial de algumas línguas e um conhecimento profundo da língua portuguesa, que lhe permitiu distinguir-se como poeta e prosador.
Instruiu-se no conhecimento dos poetas latinos e matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Cânones, em que se licenciou em Direito.
O seu talento poético começou a desenvolver-se ainda em criança, versejando com a máxima facilidade. Tinha 16 anos quando escreveu e publicou um “Epicédio” na morte de D. Maria I. Esta obra foi acolhida com surpresa, por ser feita por um poeta tão jovem e sobretudo cego. Como reconhecimento, foi-lhe concedida uma pequena pensão com carácter de incitamento.
Em 1820 publicou uma Ode à morte de Gomes Freire e seus companheiros. Nesse ano também imprimiu anonimamente o elogio dramático “A Liberdade”, para ser representado num teatro particular.
De 1826 a 1834 viveu com o seu irmão Augusto, que era sacerdote em Castanheira de Vouga. Foram oito anos em que Portugal viveu tempos difíceis, com perseguições políticas e violência generalizada, a que se seguiu a Guerra Civil (1828-1834). Apesar das naturais repercussões, a localidade foi para Castilho um local de refúgio, o que lhe permitiu atravessar aqueles tempos conturbados dedicando-se ao estudo dos clássicos. Foi nessa época que traduziu as Metamorfoses e os Amores de Ovídio, que escreveu muitos dos versos que depois se incorporaram nas “Escavações poéticas” e que compôs os poemetos “A noite do Castelo” e os “Ciúmes do Bardo”.
A publicação das “Cartas de Echo e Narciso” motivou ao poeta uma aventura romântica com uma dama reclusa no convento de Vairão, que resultou numa série de quadras do “Amor e Melancolia”, que o poeta publicou em Coimbra no ano de 1828. Concluída a guerra e extintos os conventos, esta senhora veio a casar com o poeta em 1834, falecendo porém em 1837.
Castilho esteve empenhado num projecto visando divulgar a História de Portugal, iniciando uma publicação em fascículos intitulada “Quadros históricos”.
No ano de 1840 acompanhou o irmão à Madeira, onde este, afectado por tuberculose, procurava alívio para a sua doença. Não resultando o tratamento, Augusto faleceu no último dia desse ano. Castilho casou-se com uma senhora madeirense, matrimónio de que nasceram sete filhos e que durou 31 anos, até à morte da esposa.
Em 1 de Outubro de 1941 publicou-se o primeiro número da “Revista Universal Lisbonense”, por ele fundada e dirigida, e à qual se dedicou quase em exclusivo até 1845. Por esta época iniciou o período mais fecundo da sua produção literária, consolidando a sua reputação como escritor. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes de Coimbra) na célebre polémica do “Bom-Senso e Bom-Gosto”, vulgarmente chamada “Questão Coimbrã”, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo. Castilho deixou a direcção da “Revista Universal Lisbonense” em 1845 e, nesse ano e no seguinte, em colaboração com o irmão José, deu início à “Livraria Clássica Portuguesa”, onde escreveu as biografias do padre Manuel Bernardes e de Garcia de Resende.
Castilho empenhou uma grande parte da sua vida lutando contra o analfabetismo da população portuguesa de então. Pretendeu fazer adoptar um método de aprendizagem de leitura, que denominou o “Método Português” (depois conhecido como o “Método Português de Castilho”), que provocou grandes polémicas.
No meio de uma generalizada descrença dos pedagogos sobre a sua eficácia, o governo nomeou-o Comissário para a Propagação do Método Português e deu-lhe um lugar no Conselho Superior de Instrução Pública. Contudo, nunca se adoptou oficialmente o método para uso generalizado nas escolas públicas, recusa que seria o grande desgosto da vida de Castilho.
Com graves problemas financeiros e desgostoso pela frieza com que fora acolhido o seu Método, em 1847 partiu para os Açores, fixando-se em Ponta Delgada, cidade onde viveu até 1850.
Recebido como um herói, rapidamente conquistou a simpatia da aristocracia local, em particular da próspera elite dos comerciantes. Instalado em São Miguel com o apoio de alguns magnatas locais, dedicou-se à escrita e ao fomento cultural.
Nesse período, escreveu “Estudo Histórico-Poético de Camões” e fundou uma tipografia, onde se imprimiu um jornal local. Castilho era o redactor principal, dedicando-se, para além da escrita, à realização de conferências. Fundou também a “Sociedade dos Amigos das Letras e Artes”, escrevendo vários livros. Com o apoio das autarquias, foram criadas escolas gratuitas, onde se ensaiou pela primeira vez a leitura pelo “Método Castilho”.
Regressou a Lisboa desencantado com a experiência açoriana e dedicou-se com renovada energia à luta contra os adversários do seu método de leitura, de que se publicaram duas edições em 1850, saindo a terceira em 1853, com o título de “Methodo Portuguez Castilho”.
Em 1853 foi nomeado Comissário Geral de Instrução Primária, tendo de imediato impulsionado a abertura de cursos públicos em Lisboa, Leiria, Porto e Coimbra, para instruir os professores no seu método, do qual publicou em 1854 a quarta edição. Continuou entretanto a sua actividade de escritor e polemista.
Quando D. Pedro V criou em 1858 as cadeiras do Curso Superior de Letras de Lisboa, ofereceu a Castilho a cadeira de literatura portuguesa, que ele não aceitou.
Em 1861 publicou uma nova edição de “Amor e melancolia”, complementada com a Chave do enigma e com uma autobiografia até 1837. Em 1862 publicou a tradução dos “Fastos” de Ovídio, em 6 volumes. Em 1863 deu à estampa a colecção de poesias “Outono”.
Em 1866 foi a Paris em companhia do seu irmão José, tendo sido apresentado a Alexandre Dumas, de quem era admirador. Em 1867, também em Paris, promoveu uma luxuosa tradução das “Geórgicas” de Virgílio. Traduziu “Fausto” de Goethe, a partir de uma versão francesa, visto não saber alemão.
Morreu em 1875, estando presentes no seu funeral todas as classes da sociedade, ministros, colegasda Academia das Ciências de Lisboa, representantes das letras e do jornalismo e os homens mais ilustres da magistratura, do professorado e das forças armadas.
Foi muito doente em criança, com sérios sintomas de tísica, que culminaram aos seis anos de idade com um ataque de sarampo que o deixou cego. A cegueira impediu-o durante toda a vida de escrever e ler, tendo de estudar ouvindo a leitura de textos e sendo obrigado a ditar toda a sua obra literária.
Aprendendo somente pelo que ouvia ou lhe diziam, Castilho conseguiu alcançar razoável erudição no latim e nas humanidades clássicas, o conhecimento superficial de algumas línguas e um conhecimento profundo da língua portuguesa, que lhe permitiu distinguir-se como poeta e prosador.
Instruiu-se no conhecimento dos poetas latinos e matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Cânones, em que se licenciou em Direito.
O seu talento poético começou a desenvolver-se ainda em criança, versejando com a máxima facilidade. Tinha 16 anos quando escreveu e publicou um “Epicédio” na morte de D. Maria I. Esta obra foi acolhida com surpresa, por ser feita por um poeta tão jovem e sobretudo cego. Como reconhecimento, foi-lhe concedida uma pequena pensão com carácter de incitamento.
Em 1820 publicou uma Ode à morte de Gomes Freire e seus companheiros. Nesse ano também imprimiu anonimamente o elogio dramático “A Liberdade”, para ser representado num teatro particular.
De 1826 a 1834 viveu com o seu irmão Augusto, que era sacerdote em Castanheira de Vouga. Foram oito anos em que Portugal viveu tempos difíceis, com perseguições políticas e violência generalizada, a que se seguiu a Guerra Civil (1828-1834). Apesar das naturais repercussões, a localidade foi para Castilho um local de refúgio, o que lhe permitiu atravessar aqueles tempos conturbados dedicando-se ao estudo dos clássicos. Foi nessa época que traduziu as Metamorfoses e os Amores de Ovídio, que escreveu muitos dos versos que depois se incorporaram nas “Escavações poéticas” e que compôs os poemetos “A noite do Castelo” e os “Ciúmes do Bardo”.
A publicação das “Cartas de Echo e Narciso” motivou ao poeta uma aventura romântica com uma dama reclusa no convento de Vairão, que resultou numa série de quadras do “Amor e Melancolia”, que o poeta publicou em Coimbra no ano de 1828. Concluída a guerra e extintos os conventos, esta senhora veio a casar com o poeta em 1834, falecendo porém em 1837.
Castilho esteve empenhado num projecto visando divulgar a História de Portugal, iniciando uma publicação em fascículos intitulada “Quadros históricos”.
No ano de 1840 acompanhou o irmão à Madeira, onde este, afectado por tuberculose, procurava alívio para a sua doença. Não resultando o tratamento, Augusto faleceu no último dia desse ano. Castilho casou-se com uma senhora madeirense, matrimónio de que nasceram sete filhos e que durou 31 anos, até à morte da esposa.
Em 1 de Outubro de 1941 publicou-se o primeiro número da “Revista Universal Lisbonense”, por ele fundada e dirigida, e à qual se dedicou quase em exclusivo até 1845. Por esta época iniciou o período mais fecundo da sua produção literária, consolidando a sua reputação como escritor. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes de Coimbra) na célebre polémica do “Bom-Senso e Bom-Gosto”, vulgarmente chamada “Questão Coimbrã”, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo. Castilho deixou a direcção da “Revista Universal Lisbonense” em 1845 e, nesse ano e no seguinte, em colaboração com o irmão José, deu início à “Livraria Clássica Portuguesa”, onde escreveu as biografias do padre Manuel Bernardes e de Garcia de Resende.
Castilho empenhou uma grande parte da sua vida lutando contra o analfabetismo da população portuguesa de então. Pretendeu fazer adoptar um método de aprendizagem de leitura, que denominou o “Método Português” (depois conhecido como o “Método Português de Castilho”), que provocou grandes polémicas.
No meio de uma generalizada descrença dos pedagogos sobre a sua eficácia, o governo nomeou-o Comissário para a Propagação do Método Português e deu-lhe um lugar no Conselho Superior de Instrução Pública. Contudo, nunca se adoptou oficialmente o método para uso generalizado nas escolas públicas, recusa que seria o grande desgosto da vida de Castilho.
Com graves problemas financeiros e desgostoso pela frieza com que fora acolhido o seu Método, em 1847 partiu para os Açores, fixando-se em Ponta Delgada, cidade onde viveu até 1850.
Recebido como um herói, rapidamente conquistou a simpatia da aristocracia local, em particular da próspera elite dos comerciantes. Instalado em São Miguel com o apoio de alguns magnatas locais, dedicou-se à escrita e ao fomento cultural.
Nesse período, escreveu “Estudo Histórico-Poético de Camões” e fundou uma tipografia, onde se imprimiu um jornal local. Castilho era o redactor principal, dedicando-se, para além da escrita, à realização de conferências. Fundou também a “Sociedade dos Amigos das Letras e Artes”, escrevendo vários livros. Com o apoio das autarquias, foram criadas escolas gratuitas, onde se ensaiou pela primeira vez a leitura pelo “Método Castilho”.
Regressou a Lisboa desencantado com a experiência açoriana e dedicou-se com renovada energia à luta contra os adversários do seu método de leitura, de que se publicaram duas edições em 1850, saindo a terceira em 1853, com o título de “Methodo Portuguez Castilho”.
Em 1853 foi nomeado Comissário Geral de Instrução Primária, tendo de imediato impulsionado a abertura de cursos públicos em Lisboa, Leiria, Porto e Coimbra, para instruir os professores no seu método, do qual publicou em 1854 a quarta edição. Continuou entretanto a sua actividade de escritor e polemista.
Quando D. Pedro V criou em 1858 as cadeiras do Curso Superior de Letras de Lisboa, ofereceu a Castilho a cadeira de literatura portuguesa, que ele não aceitou.
Em 1861 publicou uma nova edição de “Amor e melancolia”, complementada com a Chave do enigma e com uma autobiografia até 1837. Em 1862 publicou a tradução dos “Fastos” de Ovídio, em 6 volumes. Em 1863 deu à estampa a colecção de poesias “Outono”.
Em 1866 foi a Paris em companhia do seu irmão José, tendo sido apresentado a Alexandre Dumas, de quem era admirador. Em 1867, também em Paris, promoveu uma luxuosa tradução das “Geórgicas” de Virgílio. Traduziu “Fausto” de Goethe, a partir de uma versão francesa, visto não saber alemão.
Morreu em 1875, estando presentes no seu funeral todas as classes da sociedade, ministros, colegasda Academia das Ciências de Lisboa, representantes das letras e do jornalismo e os homens mais ilustres da magistratura, do professorado e das forças armadas.
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