EFEMÉRIDE – Miguel Torga, de seu verdadeiro nome Adolfo Correia da Rocha, romancista, poeta e contista, um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, faleceu em Coimbra no dia 17 de Janeiro de 1995. Nascera em São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, em 12 de Agosto de 1907.
Filho de gente humilde do campo, foi viver aos dez anos para uma casa apalaçada do concelho de Sabrosa, em Trás-os-Montes, habitada por parentes da família. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia as campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à sua constante insubmissão. Em 1918 foi para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos mais profícuos da sua vida, tendo melhorado os conhecimentos de português, geografia e história, tendo aprendido latim e familiarizando-se com os textos sagrados. No fim das férias comunicou ao pai que não queria ser padre.
Emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda de um tio, na cultura do café. O tio apercebeu-se da sua inteligência e patrocinou-lhe os estudos liceais em Leopoldina. Distinguiu-se como um aluno dotado. Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal.
Em 1928 ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publicou o seu primeiro livro de poesia, “Ansiedade”. Em 1929, com 22 anos, começou a colaborar na revista “Presença” com o poema “Altitudes”. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era uma bandeira literária do grupo modernista e era também a bandeira libertária da Revolução Modernista. Em 1930 rompeu definitivamente com a “Presença” por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana».
Em 1933 licenciou-se em Medicina, sempre com o apoio financeiro do tio do Brasil. Era bastante crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chamando depreciativamente “farda” à capa e batina, mas amava a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreveu a maioria dos seus livros.
Em 1934 Adolfo Correia Rocha explicou a origem do seu pseudónimo. “Miguel”, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. “Torga” é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra do escritor.
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras trasmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza. Sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano.
Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, fugia das elites pedantes, mas dava consultas médicas gratuitas a gente pobre e era referido pelo povo como um homem de bom coração e um bom conversador.
Livros seus estão traduzidos em diversas línguas, algumas vezes publicados com prefácios de sua autoria: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro, etc.
Entre os prémios que recebeu destacam-se: “Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist” (1976); “Prémio Morgado de Mateus” ex aequo com Carlos Drummond de Andrade (1980); “Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S.” (1981); “Prémio Camões” (1989, na sua primeira edição); “Prémio Personalidade do Ano” (1991); “Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores” (1992) e “Prémio da Crítica”, consagrando a sua obra (1993).
Filho de gente humilde do campo, foi viver aos dez anos para uma casa apalaçada do concelho de Sabrosa, em Trás-os-Montes, habitada por parentes da família. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia as campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à sua constante insubmissão. Em 1918 foi para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos mais profícuos da sua vida, tendo melhorado os conhecimentos de português, geografia e história, tendo aprendido latim e familiarizando-se com os textos sagrados. No fim das férias comunicou ao pai que não queria ser padre.
Emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda de um tio, na cultura do café. O tio apercebeu-se da sua inteligência e patrocinou-lhe os estudos liceais em Leopoldina. Distinguiu-se como um aluno dotado. Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal.
Em 1928 ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publicou o seu primeiro livro de poesia, “Ansiedade”. Em 1929, com 22 anos, começou a colaborar na revista “Presença” com o poema “Altitudes”. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era uma bandeira literária do grupo modernista e era também a bandeira libertária da Revolução Modernista. Em 1930 rompeu definitivamente com a “Presença” por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana».
Em 1933 licenciou-se em Medicina, sempre com o apoio financeiro do tio do Brasil. Era bastante crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chamando depreciativamente “farda” à capa e batina, mas amava a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreveu a maioria dos seus livros.
Em 1934 Adolfo Correia Rocha explicou a origem do seu pseudónimo. “Miguel”, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. “Torga” é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra do escritor.
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras trasmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza. Sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano.
Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, fugia das elites pedantes, mas dava consultas médicas gratuitas a gente pobre e era referido pelo povo como um homem de bom coração e um bom conversador.
Livros seus estão traduzidos em diversas línguas, algumas vezes publicados com prefácios de sua autoria: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro, etc.
Entre os prémios que recebeu destacam-se: “Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist” (1976); “Prémio Morgado de Mateus” ex aequo com Carlos Drummond de Andrade (1980); “Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S.” (1981); “Prémio Camões” (1989, na sua primeira edição); “Prémio Personalidade do Ano” (1991); “Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores” (1992) e “Prémio da Crítica”, consagrando a sua obra (1993).
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