EFEMÉRIDE – Kenzaburō Ōe, escritor japonês, Prémio Nobel de Literatura em 1994, nasceu em Ehime no dia 31 de Janeiro de 1935.
Veio ao mundo numa vila rodeada pela floresta da ilha de Shikoku, onde a família habitava desde há séculos sem que nenhum dos seus membros tenha emigrado. Desde a escola primária interessou-se pelas culturas estrangeiras, através da literatura, descobrindo as “Aventuras de Huckleberry Finn » de Mark Twain, numa tradução japonesa, que ele aprenderia de cor, na sua versão original, quando da ocupação americana.
Aos dezoito anos ingressou na Universidade de Tóquio para estudar literatura francesa. Estudante brilhante mas solitário, com vergonha da sua pronúncia provinciana, foi sob o efeito do uísque e de tranquilizantes que começou a escrever em 1957, bastante influenciado pelas literaturas contemporâneas francesa e americana, particularmente de François Rabelais, Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Estudou igualmente a obra de Louis-Ferdinand Céline que ele reconheceu como uma das suas maiores influências.
Em 1963 a nascença de um filho deficiente «modificou o seu universo com uma violência comparável a uma explosão solar». Na sequência deste acontecimento pessoal, escreveu duas obras: “Um caso muito pessoal”, cuja personagem central é pai de uma criança deficiente mental, e “Notas sobre Hiroshima”, uma recolha de ensaios sobre os sobreviventes de Hiroshima.
Depois de ter recebido o Prémio Nobel, Ōe anunciou que não escreveria mais romances, argumentando com o facto do seu filho, compositor, ter a partir de então a sua própria voz, não necessitando das suas obras de ficção.
Marcado pelos prejuízos causados pelo nacionalismo de uma sociedade militarizada, tornou-se defensor da Democracia e de uma Constituição pacífica.
A obra de Ōe, complexa e densa, ocupa um lugar à parte na literatura japonesa contemporânea. A extrema originalidade do seu estilo espelha uma literatura atormentada, imaginativa e rica em metáforas.
Em “Agwîî, o monstro das nuvens » (1964), o escritor evoca o seu filho autista, que será um personagem recorrente nas suas obras. O “seu mundo” traduz a angústia dos seres humanos face às grandes mudanças dos tempos modernos. Denunciou igualmente a urbanização galopante e a veneração das novas tecnologias, aconselhando a volta à contemplação da natureza e à meditação. O universo deste romancista caracteriza-se por fragmentos autobiográficos, misturados com uma imaginação prodigiosa sem paralelo na literatura japonesa contemporânea. O sonho convive com a razão e as suas histórias acompanham os mitos e o imaginário.
Recebeu o Prémio Akutagawa, a maior recompensa literária japonesa, com a idade de 23 anos; o Prémio Europalia 1989 pelo conjunto da sua obra; a Ordem do Mérito Cultural Japonês em 1994 e o título Doutor Honoris Causa do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais em 2005.
Veio ao mundo numa vila rodeada pela floresta da ilha de Shikoku, onde a família habitava desde há séculos sem que nenhum dos seus membros tenha emigrado. Desde a escola primária interessou-se pelas culturas estrangeiras, através da literatura, descobrindo as “Aventuras de Huckleberry Finn » de Mark Twain, numa tradução japonesa, que ele aprenderia de cor, na sua versão original, quando da ocupação americana.
Aos dezoito anos ingressou na Universidade de Tóquio para estudar literatura francesa. Estudante brilhante mas solitário, com vergonha da sua pronúncia provinciana, foi sob o efeito do uísque e de tranquilizantes que começou a escrever em 1957, bastante influenciado pelas literaturas contemporâneas francesa e americana, particularmente de François Rabelais, Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Estudou igualmente a obra de Louis-Ferdinand Céline que ele reconheceu como uma das suas maiores influências.
Em 1963 a nascença de um filho deficiente «modificou o seu universo com uma violência comparável a uma explosão solar». Na sequência deste acontecimento pessoal, escreveu duas obras: “Um caso muito pessoal”, cuja personagem central é pai de uma criança deficiente mental, e “Notas sobre Hiroshima”, uma recolha de ensaios sobre os sobreviventes de Hiroshima.
Depois de ter recebido o Prémio Nobel, Ōe anunciou que não escreveria mais romances, argumentando com o facto do seu filho, compositor, ter a partir de então a sua própria voz, não necessitando das suas obras de ficção.
Marcado pelos prejuízos causados pelo nacionalismo de uma sociedade militarizada, tornou-se defensor da Democracia e de uma Constituição pacífica.
A obra de Ōe, complexa e densa, ocupa um lugar à parte na literatura japonesa contemporânea. A extrema originalidade do seu estilo espelha uma literatura atormentada, imaginativa e rica em metáforas.
Em “Agwîî, o monstro das nuvens » (1964), o escritor evoca o seu filho autista, que será um personagem recorrente nas suas obras. O “seu mundo” traduz a angústia dos seres humanos face às grandes mudanças dos tempos modernos. Denunciou igualmente a urbanização galopante e a veneração das novas tecnologias, aconselhando a volta à contemplação da natureza e à meditação. O universo deste romancista caracteriza-se por fragmentos autobiográficos, misturados com uma imaginação prodigiosa sem paralelo na literatura japonesa contemporânea. O sonho convive com a razão e as suas histórias acompanham os mitos e o imaginário.
Recebeu o Prémio Akutagawa, a maior recompensa literária japonesa, com a idade de 23 anos; o Prémio Europalia 1989 pelo conjunto da sua obra; a Ordem do Mérito Cultural Japonês em 1994 e o título Doutor Honoris Causa do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais em 2005.
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