EFEMÉRIDE – José Carreras, de seu verdadeiro nome Josep Carreras i Coll, tenor lírico espanhol, conhecido particularmente pelas suas interpretações em óperas de Verdi e de Puccini, nasceu em Barcelona no dia 5 de Dezembro de 1946. Durante a sua carreira, interpretou mais de sessenta personagens diferentes, nas melhores salas de ópera mundiais. José Carreras foi um dos célebres “Três Tenores”, juntamente com Plácido Domingo e Luciano Pavarotti.
Mostrou desde muito cedo o seu talento para a música, particularmente para o canto, que foi intensificado aos seis anos de idade, quando viu Mario Lanza no filme “O Grande Caruso”. Os pais, com o encorajamento do avô paterno de Carreras, arrecadaram dinheiro para lhe proporcionarem aulas de música. Estudou piano e voz e, aos oito anos de idade, começou a ter lições no Conservatório Municipal de Barcelona.
Aos oito anos, apresentou-se pela primeira vez ao público na Rádio Nacional de Espanha. Uma gravação dessa actuação ainda existe e pode ser ouvida na sua biografia em vídeo “José Carreras – A Life Story”. Em Janeiro de 1958, com 11 anos de idade, fez a sua estreia numa grande sala de ópera de Barcelona, o “Grande Teatro do Liceu”, cantando “El Retablo de Maese Pedro”, de Manuel de Falla. Poucos meses depois cantou pela última vez como soprano, no segundo acto de “A Boémia” de Puccini.
Na juventude, continuou a estudar música, mudando-se para o Conservatório Superior de Música do Liceu e tendo igualmente aulas particulares. Seguindo o conselho do pai e do irmão mais velho, ingressou também na Universidade de Barcelona, para estudar Química, mas deixou a faculdade dois anos depois, para se concentrar apenas na música.
Em Janeiro de 1970, interpretando um papel menor, chamou porém a atenção da soprano catalã Montserrat Caballé, que o convidou para cantar, a seu lado, em “Lucrezia Borgia” de Donizetti, ópera que seria apresentada em Dezembro. Este foi o seu primeiro grande papel, que ele considera ter sido a sua verdadeira estreia como tenor. Em 1971, estreou-se internacionalmente no Royal Festival Hall em Londres, cantando novamente ao lado de Caballé. Ela foi um instrumento de promoção e encorajamento na sua carreira durante muitos anos, aparecendo em quinze óperas diferentes ao lado dele, enquanto o seu irmão e empresário, Carlos Caballé, também trabalhou como empresário de Carreras até metade da década de 1990.
Durante a década de 1970, a carreira de Carreras progrediu rapidamente. No fim de 1971, ficou em primeiro lugar na prestigiada competição Voci Verdiane em Parma, Itália. Um ano depois, actuou pela primeira vez nos Estados Unidos. Seguiram-se outras estreias nas maiores salas de ópera: Ópera de São Francisco, Companhia de Ópera Lírica da Filadélfia, Ópera Estatal de Viena, Royal Opera House, Metropolitan Opera House de Nova Iorque e Teatro alla Scala. Aos 28 anos, já tinha cantado mais de 24 óperas diferentes na Europa e na América do Norte e tinha um contrato exclusivo com a Philips Records.
Na década de 1980, saiu episodicamente do repertório de óperas, fazendo gravações em estúdio, com zarzuelas, musicais e operetas. A gravação da missa argentina “Misa Criolla”, em 1987, trouxe-lhe grande prestígio mundial.
Durante as filmagens de “A Boémia”, em Paris, Carreras descobriu que sofria de leucemia aguda e que teria apenas 10% de possibilidades de sobreviver. Conseguiu no entanto recuperar da doença, após um duro tratamento que envolveu quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea no Centro de Pesquisas de Cancro Fred Hutchinson, em Seattle, nos Estados Unidos. Em 1988, criou a Fundação Internacional de Leucemia José Carreras, em Barcelona. Gradualmente voltou à actividade, com a voz ligeiramente alterada, o que não o impediu de fazer uma tournée de recitais em 1988/1989.
O primeiro concerto dos “Três Tenores” ocorreu nas Termas de Caracala, em Roma, marcando o fim dos Mundiais de Futebol de 1990. Calcula-se também, que mais de um bilião de pessoas assistiu pela televisão a um concerto do trio em 1994, em Los Angeles. Em 1999, o CD do primeiro concerto dos “Três Tenores” foi um sucesso, com 13 milhões de cópias vendidas.
Desde 1995, Carreras tem apresentado anualmente um programa de gala beneficente em Leipzig, com o fim de granjear fundos para a luta contra a leucemia. Desde que foi criado, o programa já arrecadou cerca de 71 milhões de euros. Carreras apresenta igualmente, todos os anos, cerca de 20 concertos de beneficência.
Na década de 1990, continuou a actuar em óperas, mas as suas performances tornaram-se menos frequentes, aumentando assim a sua presença em recitais e concertos. A sua última actuação numa ópera no estrangeiro foi em Julho de 2002, em Tóquio. A sua última ópera no Grande Teatro do Liceu, onde começara a sua carreira, foi em “Sansão e Dalila”, em Março de 2001.
Carreras recebeu inúmeros prémios e distinções pelo seu trabalho artístico e humanitário. Salientam-se: Comendador da Ordem das Artes e das Letras, Cavaleiro da Ordem da Legião de Honra da República Francesa, Grande Cruz de Cavaleiro da República Italiana, Grande Oficial da República Italiana, Grande Decoração por Serviços à República da Áustria, Cruz de Ouro da Ordem Civil da Solidariedade Social da Rainha Sofia da Espanha, Prémio Príncipe das Astúrias e Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha. É Doutor Honoris Causa da Universidade de Barcelona, da Universidade Russa de Química e Tecnologia, da Universidade de Coimbra (Portugal), da Universidade Nacional de Música de Bucareste e da Universidade do Porto (Portugal), entre algumas outras.
Em Outubro de 2010, deu um recital no Scala de Milão. Em 2011, actuou em Xangai, Gênes, Telavive, Carcassonne, Londres e Viena.
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