EFEMÉRIDE – Bob Marley, de seu verdadeiro nome Robert Nesta Marley, cantor, guitarrista, autor e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, morreu em Miami no dia 11 de Maio de 1981. Nascera em Rhoden Hall, em 6 de Fevereiro de 1945.
Foi pai de onze filhos, nove de seis mães diferentes e dois adoptados. Vários deles seguiram igualmente carreiras musicais.
Era filho de um oficial do exército inglês e de uma adolescente negra jamaicana. Após a morte do pai em 1955, Marley e a mãe mudaram-se para Trenchtown, um gueto de Kingston, onde o pequeno Robert era provocado pelos negros locais, por ser mulato e ter baixa estatura. Bob teve uma juventude muito difícil e isso ajudou-o a ter pontos de vista bastante críticos sobre os problemas sociais. Começou as suas experiências musicais com o ska e passou aos poucos para o reggae, enquanto este estilo se desenvolvia. O trabalho de Bob Marley foi amplamente responsável pela aceitação cultural da música reggae no exterior da Jamaica. Assinou em 1971 um contrato com a Island Records, na época uma editora muito influente e inovadora. Foi nela, com “No Woman, No Cry”, em 1975, que ganhou fama mundial.
Bob Marley deixou a Jamaica no final de 1976 e foi para Inglaterra, onde gravou os álbuns “Exodus” e “Kaya”. Lançou a música “Africa Unite”, no álbum “Survival” de 1979, sendo convidado para a tocar nas festas da independência do Zimbabwe em Abril de 1980.
Bob Marley era adepto do movimento rastafari. Nas suas canções, pregava irmandade e paz para toda a humanidade. Era um grande defensor da maconha, usada por ele no sentido de comunhão. Na capa de “Catch a Fire” pode ver-se ele a fumar maconha e o uso espiritual da cannabis foi mencionado em muitas das suas canções.
Em Julho de 1977, descobriu uma ferida no dedo grande do pé direito, que ele pensou ser resultado de uma partida de futebol. A ferida porém não cicatrizou e a unha caiu. Foi-lhe então diagnosticado um melanoma maligno. Os médicos aconselharam-no a amputar o dedo, mas Marley recusou-se devido aos princípios rastafaris que diziam que «os médicos são homens que enganam os ingénuos, fingindo ter o poder de curar». Além disso, ele estava também preocupado com o impacto que a operação teria nos seus movimentos, num momento em que se encontrava no auge da carreira.
Segundo um dos filhos, Marley converteu-se ao cristianismo em 1977. Antes de morrer, foi baptizado na Igreja Ortodoxa da Etiópia, com o nome de Berhane Selassie. O cancro entretanto alastrou para o cérebro, pulmões e estômago. Durante uma tournée no Verão de 1980, numa tentativa de se afirmar no mercado norte-americano, Marley desmaiou enquanto corria no Central Park de Nova Iorque. Isto aconteceu depois de uma série de concertos que tinha dado em Inglaterra e no Madison Square Garden. A doença impediu-o de continuar. Marley procurou então ajuda e decidiu ir para Munique durante vários meses, para ser tratado pelo controverso especialista Josef Issels, não tendo obtido quaisquer melhoras. O cancro, pelo contrário, generalizou-se.
Um mês antes da sua morte, foi premiado com a Ordem de Mérito Jamaicana. Ele gostaria de ter passado os seus últimos dias na terra natal, mas a doença agravou-se durante o voo de regresso da Alemanha e teve de ser internado de urgência em Miami, tendo falecido no hospital Cedars of Lebanon. Tinha 36 anos. O seu funeral, na Jamaica, foi uma cerimónia digna de chefes de estado, com elementos combinados da Igreja Ortodoxa da Etiópia e do Rastafarianismo. Foi sepultado numa capela em Nine Mile, perto da cidade natal, juntamente com a sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster de cor vermelha.
A música e a lenda de Bob Marley ganharam mais força desde a sua morte e continuam a render grandes lucros aos seus herdeiros. O seu desaparecimento deu-lhe um estatuto mítico semelhante ao de Elvis Presley e John Lennon. Marley é ainda hoje muito popular em todo o mundo, particularmente em África e na América Latina. É considerado por muitos como a primeira estrela pop do Terceiro Mundo. Desde a sua morte, o dia 6 de Fevereiro, data do seu aniversário, é feriado nacional na Jamaica.
Entre as honrarias e os prémios que recebeu, salientam-se uma Estrela na Calçada da Fama em Hollywood, a Medalha da Paz do Terceiro Mundo das Nações Unidas e um Grammy pelo Conjunto da sua Obra. “One Love” foi considerada a Canção do Milénio pela BBC. Foi eleito pela revista “Rolling Stone” o 11º maior artista musical de todos os tempos.
Vendeu mais de 200 milhões de discos em todo o mundo. Ficou na memória colectiva como um dos símbolos universais da contestação, suplantando por vezes políticos e revolucionários como Che Guevara, Malcolm X ou Nelson Mandela.
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