EFEMÉRIDE – Marco Ferreri, actor, realizador e cenarista italiano, morreu em Paris no dia 9 de Maio de 1997, vítima de crise cardíaca. Nascera em Milão, em 11 de Maio de 1928.
Durante a juventude, estudou veterinária e trabalhou como jornalista e vendedor de aparelhos de projecção. Iniciou-se no cinema fazendo documentários e publicidade e foi director de produção. Em Espanha (1956), rodou três filmes para o escritor humorista Rafael Azcona, todos eles pautados pelo humor negro e por fortes críticas aos mitos sociais contemporâneos. Estas são, aliás, as características que irão pautar todos os filmes da sua carreira. Entre os mais conhecidos, destaca-se “La Grande Bouffe”, de 1973, com Marcello Mastroianni, Michel Piccoli, Philippe Noiret e Ugo Tognazzi, uma desconcertante alegoria sobre a sociedade de consumo, em que um grupo de quatro amigos se suicida por hiperalimentação.
Em 1951 fundou, juntamente com Riccardo Ghione, “Documento mensile”, um efémero cine jornal no qual colaboraram grandes nomes do cinema e da literatura. No ano seguinte, foi director de produção do filme de Alberto Lattuada “Le Manteau”.
Em 1953 produziu com Zavattini e Ghione “L’amore in città”, um filme-inquérito realizado sob a forma de sketches. Apareceu como actor no episódio “Os Italianos”, realizado pelo seu amigo Alberto Lattuada. Será no mesmo ano o intérprete de “La spiaggia”, película em que foi igualmente director de produção. No ano seguinte, fez parte do elenco de “Donne e soldati”.
Seguiram-se vários filmes, que culminaram em 1960 com “El cochecito”, que triunfou no Festival de Veneza e obteve em Paris o Grande Prémio do Humor Negro.
Em 1962 colaborou no cenário de “Mafioso”, realizado por Lattuada. Protagonizou depois uma sátira à instituição do matrimónio em Itália, “Una storia moderna: l'ape regina”, que lhe trouxe os primeiros dissabores junto da censura e o colocou definitivamente na categoria de cineastas iconoclastas. Foi actor em “Sortilégio” (1970).
Nos anos 1970, o interesse de Ferreri por temas sulfurosos intensificou-se. Os seus filmes analisam as nevroses engendradas pela produtividade industrial e pela acumulação capitalista nas sociedades modernas. Transforma Annie Girardot num animal de circo, dotado de um impressionante sistema capilar, em “La donna scimmia”. Pede a Ugo Tognazzi para incarnar um professor de educação sexual em “Controsesso” e transforma Catherine Deneuve numa “mulher cadela” em “La cagna”. Designava-se a ele próprio como um cineasta de mau gosto…
Depois de “Ciao maschio”, rodado em Nova Iorque, Ferreri passou a interessar-se pelo mundo da infância, a última oportunidade de uma sociedade em que sempre filmou a decadência. Depositava todas as suas esperanças na juventude, a única força capaz de, segundo ele, mudar o mundo para melhor.
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