EFEMÉRIDE – Danielle Darrieux, actriz francesa, nasceu em Bordéus no dia 1 de Maio de 1917. Durante oito décadas, atravessou a história do cinema, actuando em mais de 110 filmes. É uma das últimas actrizes míticas do cinema mundial.
Comediante, mostrou-se perfeitamente à vontade em todos os géneros, desde representar raparigas ingénuas em comédias musicais até a jovens românticas em dramas históricos, passando por melodramas e comédias.
A morte prematura do pai obrigou a mãe a dar lições de canto para subsistir. Bastante cedo, Danielle começou a gostar de música, iniciando-se no violoncelo e no piano.
Tomando conhecimento que dois produtores procuravam uma “heroína” de cerca de 13 ou 14 anos para fazer um filme, apresentou-se e foi aceite para a película “Le Bal” (1931). Seduziu os produtores pela sua espontaneidade e eles propuseram-lhe um contrato de cinco anos. Além da interpretação das personagens, Danielle cantava canções populares em vários filmes, o que entusiasmava o público.
Em 1935, casou com o realizador Henri Decoin. Ele dirigiu-a em comédias que, ainda hoje, fazem as delícias dos cinéfilos. No mesmo ano, Anatole Litvak ofereceu-lhe um papel mais dramático, no filme “Mayerling”, ao lado de Charles Boyer. O filme teve tal sucesso mundial que lhe abriu as portas de Hollywood. Foi a consagração internacional para Danielle Darrieux, que assinou um contrato de sete anos com os estúdios Universal. Partiu para a Meca do cinema com o marido e entrou no primeiro filme americano em 1938: “La Coqueluche de Paris” com Douglas Fairbanks Jr.. No entanto, Hollywood aborrecia-a e preferiu rescindir o contrato e voltar para França. Seguiram-se vários filmes e outros tantos êxitos.
Divorciou-se de Henri Decoin em 1941, mantendo no entanto a amizade e a admiração que tinham um pelo outro. Casou-se de novo em 1942, com Porfirio Rubirosa, que seria mais tarde preso por suspeita de espionagem contra a Alemanha. Aceitou deslocar-se a Berlim em 1942, contratada pela Continental, juntamente com outros actores franceses, para poder visitar o marido que ali estava encarcerado. Quando o marido foi libertado, anulou o contrato com a empresa alemã e passou o fim da guerra vivendo em França sob um nome falso.
Depois de alguns anos mais cinzentos, casou-se pela terceira e última vez com Georges Mitsinkidès em 1948, começando uma segunda carreira ainda mais brilhante que a primeira.
Jean Cocteau pediu-lhe para interpretar a rainha de Espanha em “Ruy Blas”, ao lado de Jean Marais (1948). Seguiram-se três filmes de grande sucesso com o realizador Claude Autant-Lara. O seu ex marido Henri Decoin voltou a dirigi-la em 1952, contracenando com Jean Gabin em “La Vérité sur Bébé Donge”.
Nos anos 1950, voltou a Hollywood para fazer alguns filmes, trabalhando ao lado de Richard Burton e James Mason, entre outros. De volta a França, no apogeu do seu talento e da sua beleza, triunfou tanto no cinema como no teatro.
Entrou em filmes com os grandes actores da época: Jean Gabin, Jean Marais, Jeanne Moreau, Bourvil, Fernandel, Louis de Funès, Alain Delon, Jean-Claude Brialy, Michèle Morgan, Michel Piccoli, Gérard Philipe, Paul Meurisse, Lino Ventura, Serge Reggiani...
Nos anos 1960, atingiu um ponto em que os realizadores eram acima de tudo seus admiradores e convidavam-na para múltiplos papéis. Paralelamente, voltou ao teatro e à televisão. Danielle não parava e os êxitos também não.
Nos anos 2000, além de sucessos no teatro, continuou a fazer cinema. Aos 90 anos, representou o papel de vítima no filme “A Hora Zero”, adaptação de um romance de Agatha Christie. Em 2008, projectou ainda subir ao palco para representar “A Casa do Lago”, mas uma arreliadora queda durante os últimos ensaios levou-a a renunciar. Em 2009, com 92 anos, aceitou ainda um papel no filme “Une pièce montée”.
Uma das suas melhores recordações (e motivo de orgulho) foi ter cantado em inglês na Broadway, em 1970, na comédia musical “Coco”, em que interpretava o papel de Coco Chanel. Michelle Darrieux é Cavaleiro da Legião de Honra e Oficial das Artes e das Letras.
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