EFEMÉRIDE – Eduardo Geada, realizador de cinema e televisão, professor e ensaísta português, nasceu em Lisboa no dia 21 de Maio de 1945.
Licenciou-se em Estudos Anglo-Americanos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1976) e despertou para o cinema através do movimento cineclubista. Em 1978, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu na Slade School of Fine Art (London College University) uma pós-graduação em Film Studies. Mais tarde, terminou o mestrado em Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada “O Cinema Espectáculo” (1985). Doutorou-se em História dos Media, com a tese “Os Mundos do Cinema: modelos dramáticos e narrativos no período clássico” (1997). Foi professor na Escola Superior de Teatro e Cinema (1978/2004) e na Escola Superior de Comunicação Social (2003/2004), ambas em Lisboa. Foi ainda professor convidado da Universidade de Berkeley (2007/2008).
Entre 1968 e 1976, desenvolveu uma intensa actividade como crítico de cinema em diversas publicações: “Seara Nova”, “Vértice”, “Vida Mundial”, “A Capital”, “República” e “Expresso” Na rádio, foi autor e apresentador do programa “Moviola” (1985/86), na Antena 1, dedicado à música de cinema.
De 1997 a 2002, ocupou o cargo de administrador-delegado da Fundação CulturSintra, na Quinta da Regaleira.
Como realizador tem dividido a sua actividade entre o cinema e a televisão. O seu primeiro filme, “Sofia ou a Educação Sexual” (1973), foi um dos últimos a serem proibidos pela censura, só sendo estreado após a Revolução dos Cravos.
Imediatamente após a revolução, dedicou-se a trabalhos com uma vertente sociológica própria da época. Os documentários “Lisboa”, “o Direito à Cidade”, “A Revolução Está na Ordem do Dia” e “Temos Festa”, feitos para televisão, não enjeitavam a influência marxista, comum a outras produções desse período e que constituem hoje documentos históricos de inegável valor. O mesmo se aplica ao trabalho colectivo “As Armas e o Povo” (1975), de que foi um dos realizadores e que retrata a semana que decorreu entre o dia da Revolução e o primeiro 1º de Maio celebrado em liberdade, reflectindo também sobre os quarenta e oito anos que mediaram entre o 28 de Maio de 1926 e a queda do fascismo.
“O Funeral do Patrão” (1975), com base numa peça do dramaturgo italiano Dario Fo, e “A Santa Aliança” (1977), com argumento dele próprio, assumem o carácter algo panfletário de algumas das produções pós-revolução. “A Santa Aliança”, seleccionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, ficou como um dos filmes mais lúcidos e estimulantes sobre o período do pós 25 de Abril.
Iniciou a década de 1980 com trabalhos para televisão, feitos a partir de obras e figuras da literatura portuguesa: “Mariana Alcoforado” (1980), com base nas cartas atribuídas a Sóror Mariana Alcoforado, religiosa do Convento de Beja, no século XVII, e a série “Lisboa: Sociedade Anónima” (1982/1983), com os filmes “O Banqueiro Anarquista” (sobre texto homónimo de Fernando Pessoa), “O Homem que não Sabe Escrever” (textos de Almada Negreiros), “A Impossível Evasão” (sobre Urbano Tavares Rodrigues), “Uma Viagem na nossa Terra” (a partir de José Rodrigues Miguéis) e “O Ritual dos Pequenos Vampiros “ (sobre José Cardoso Pires).
Regressou às longas-metragens em 1983, com “Saudades para D. Genciana”, a partir de quatro histórias de José Rodrigues Miguéis. Voltou a trabalhar para a televisão, com “A Forma das Coisas” (1986), “Uma Aventura em Lisboa” (1989) e “Retratos da Madeira” (1990).
A sua última longa-metragem, “Passagem por Lisboa”, datada de 1993, é uma homenagem à memória do cinema (o filme é, aliás, dedicado a Félix Ribeiro e Luís de Pina, dois pilares da Cinemateca Portuguesa, falecidos anos antes), com uma curiosa mistura de ficção e realidade, ao revisitar Lisboa no início da década de 1940 e ao mencionar a presença em solo português de nomes célebres de então, como Pola Negri, Leslie Howard, o Duque de Windsor, Primo de Rivera e o mítico Viktor Laszlo.
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