EFEMÉRIDE – Andreï Biély, de seu verdadeiro nome Boris Nikolaïevitch Bougaïev, romancista, poeta, teórico e crítico literário russo, morreu em Moscovo no dia 8 de Janeiro de 1934. Nascera também em Moscovo, em 26 de Outubro de 1880. O seu livro “Petersburgo” foi considerado por Vladimir Nabokov como um dos quatro melhores romances do século XX.
Andreï Biély é considerado um dos maiores escritores russos do século XX. Teve uma forte influência na língua russa moderna, um pouco como James Joyce em Inglaterra e Goethe na Alemanha. Foi um dos precursores da 2ª geração de simbolistas russos. Muito dotado e instruído em várias disciplinas, entre as quais a matemática, as ciências naturais e a filosofia, era também músico e desenhador.
Durante a infância, ficou marcado por Goethe, Chopin e Beethoven. Mais tarde, por Gogol e Charles Dickens. As influências recebidas aumentaram com as suas leituras de Arthur Schopenhauer em 1896, de Dostoïevski e Ibsen em 1897, e pela sua descoberta de Nietzsche, do filósofo russo Vladimir Soloviev, de Wagner e de Emmanuel Kant em 1899. Leu também autores modernos russos. Em 1899, ingressou na Universidade de Moscovo, onde se inscreveu em Ciências Naturais e, mais tarde, em Letras.
Em 1905, esteve em São Petersburgo , onde assistiu ao começo da Revolução. Em Moscovo, participou em vários meetings. Em 1907, deslocou-se a Munique e Paris, para fazer conferências. O seu primeiro romance, “A pomba de prata”, foi publicado numa revista em 1909, ano em que conheceu Assia Tourguénieva, com quem se casaria em 1914. Visitaram juntos a Sicília, o Egipto, a Turquia e a Palestina.
Em 1912, partiu para Bruxelas e Bergen, depois para Leipzig e Dornach, onde se fixou em 1914. Foi convidado para fazer conferências em Estugarda, Munique, Viena e Praga.
Em 1916, respondendo ao pedido de mobilização geral, regressou à Rússia. Assia não quis deixar Dornach. Andreï viveu então num mundo obsessivo e grotesco, que descreveu minuciosamente em alguns dos seus escritos. No ano seguinte, fundou o Grupo Antroposófico de Moscovo. Encontrou pela primeira vez Klavdia Nikolaïevna Vassilieva, que seria, anos mais tarde, a sua segunda esposa. Publicou “Glossolalie”, um ensaio sobre a origem da língua russa.
Apoiou por utopia a Revolução de 1917. No entanto, em 1919, decepcionado com os bolcheviques, constatou com amargura que «não haveria uma revolução do espírito». Em 1920, fundou – juntamente com o crítico Ivanov Razoumnik – a Associação Livre de Filosofia.
A sua independência face à doutrina marxista começou a ser mal tolerada pelo regime. Alguns membros do Grupo Antroposófico foram presos e mais tarde libertados. O grupo foi interdito no começo de 1921. Lenine autorizou a partida de Biély para o estrangeiro. Instalou-se em Berlim, onde Assia lhe comunicou que queria separar-se dele definitivamente. O processo de divórcio durou até 1923. Klavdia Nikolaïevna Vassilieva juntou-se então a Andreï, voltando juntos para Moscovo.
Em 1931, o casal instalou-se perto de Leninegrado. Em Junho de 1933, Andreï sofreu uma primeira crise cardíaca, morrendo em Janeiro do ano seguinte. Escrevera cerca de 50 livros e mais de 300 artigos. O seu nome foi dado a um dos principais prémios literários russos.
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