EFEMÉRIDE – Žemaitė, de seu verdadeiro nome Julija Beniuševičiūtė-Žymantienė, escritora lituana, nasceu em Bukante no dia 4 de Junho de 1845. Morreu em Marijampolė, em 7 de Dezembro de 1921. Oriunda de uma família nobre mas empobrecida, tornou-se numa das protagonistas da renovação nacional lituana. Escreveu sobre a condição camponesa num estilo que pode ser definido como hiper-realista.
Os progenitores proibiram-na de brincar com os filhos dos serviçais e de aprender lituano. Como muitos dos nobres lituanos, os pais tinham passado por uma “polonização” e desvalorizavam a língua lituana. No entanto, Žemaitė aprendeu o lituano e ganhou assim a afeição das classes populares. Compreendeu então, muito melhor, o fardo da servidão e a miséria em que viviam muitas famílias. Esta perspectiva influenciaria a maior parte da sua obra. Não tendo recebido uma educação convencional, aprendeu sozinha graças aos muitos livros que lia.
Apoiou fortemente a insurreição polaca de 1861 a 1864 e, pouco tempo depois, casou com um participante activo na revolta. Durante vinte anos, trabalhou numa quinta, consagrou-se à educação dos filhos e lutou contra a pobreza. Em 1884, a família mudou-se para outra localidade, onde teve acesso a vários periódicos lituanos, o que a encorajou a escrever e a participar na renovação nacional da Lituânia. O seu primeiro escrito, “ Rudens vakaras ”, que se pode traduzir por “Tarde de Outono”, foi publicado num anuário em 1895.
Em 1912, mudou-se para Vilnius, onde trabalhou como administrativa e numa equipa editorial que colaborava com várias publicações. Durante a Primeira Guerra Mundial, emigrou para a Rússia e, mais tarde, para os Estados Unidos, onde vivia já um filho há vários anos. Deu cursos a diferentes organizações lituano-americanas, fez colectas de fundos para as vítimas da guerra e escreveu artigos para a imprensa local. Em 1921, voltou à Lituânia, morrendo nesse mesmo ano. Foi a primeira mulher representada em notas de litas, a moeda lituana de então.
Os seus escritos são geralmente sombrios, representando a pobreza, o materialismo e as disputas no seio das famílias. Descreveu imagens reais da vida de todos os dias, com os seus conflitos, as suas conversas vivas, os arredores miseráveis, mas também as belas paisagens que a rodeavam. Žemaitė não dá explicações, não apresenta teorias nem dá sugestões, deixando isso a cargo de quem a lê. Nascida numa família nobre, nunca falou na nobreza, como se esta classe lhe fosse estranha. Compôs as suas melhores obras entre 1896 e 1898.
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