EFEMÉRIDE
– Abdel Aziz Al-Rantissi, médico e político palestiniano, nasceu em Yubna,
perto de Jaffa, no dia 23 de Outubro de 1947. Morreu na cidade de Gaza, em
17 de Abril de 2004. Juntamente com o líder espiritual Ahmed Yassin, foi um dos
fundadores do movimento de resistência islâmico Hamas (1987).
A
sua família tinha fugido da Guerra de 1948 em direcção à faixa de Gaza,
instalando-se no campo de refugiados de Khan Younis. Abdel Aziz, então com seis
meses, viveu num casebre, juntamente com os pais e os onze irmãos. Começou a
estudar aos seis anos, numa escola pertencente a uma agência de socorro das Nações
Unidas.
Acabou
os estudos secundários em 1965, ingressando seguidamente na Faculdade de
Medicina de Alexandria, no Egipto, onde se licenciou em 1972. Durante os
seus estudos no Egipto, foi particularmente influenciado pela filosofia dos Irmãos
Muçulmanos.
Em
1976, voltou para Gaza depois de completar os seus estudos e especializações.
Começou por trabalhar como médico interno no Hospital de Nasser, o maior
centro médico de Khan Younis. Tornou-se membro dos Irmãos Muçulmanos.
Foi
membro do centro islâmico da Associação Médica Árabe em Gaza e do Crescente
Vermelho palestiniano. Em 1978, associou-se à abertura da Faculdade de
Ciências da Universidade Islâmica de Gaza, onde dirigiu cursos de Genética
e de Parasitologia. Tornou-se também chefe do serviço de Pediatria
do Hospital Governamental de Khan Younis.
Em
Fevereiro de 1988, foi detido pela terceira vez pelas autoridades israelitas.
Ficou na prisão dois anos e meio, «devido
às suas actividades contra o Estado de Israel». Em Dezembro de 1992,
foi expulso pelas autoridades israelitas, juntamente com mais de 400 activistas
do Hamas, e enviado para o sul do Líbano.
Conseguiu
voltar à Palestina, onde foi preso e condenado por um tribunal militar. Ficou na prisão até meados de 1997. Voltou
a ser preso várias vezes.
Quando
Ahmed Yassin, juntamente com quatro guardas, foi morto em Março de 2004 por um
míssil disparado de um helicóptero da Força Aérea Israelita, Rantissi
assumiu a liderança política do Hamas, sendo o seu principal porta-voz
na faixa de Gaza.
Abdel
Aziz era considerado um membro da linha dura do Hamas e sempre se
posicionou contra qualquer compromisso com Israel, na defesa da criação de um
Estado palestiniano. «O nosso principal objectivo é a libertação da faixa de
Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, e nada mais. Mas não temos força para libertar
toda a nossa terra» – disse Rantissi à BBC em 2002. «Na nossa
religião, é proibido abrir mão de parte da nossa terra, portanto, não podemos
reconhecer Israel de forma alguma. Mas podemos aceitar uma trégua e viver lado
a lado, deixando que essas questões sejam decididas pelas próximas gerações».
Abdel
Al-Rantissi foi o segundo líder do Hamas a ser morto pelas forças
israelitas no espaço de 25 dias (menos de um mês depois de Yassin e nas mesmas
circunstâncias). Os helicópteros dispararam dois mísseis contra o veículo em que Rantissi viajava
com um guarda-costas e um dos seus filhos, numa rua central de Gaza. O guarda-costas
e o filho morreram no local, enquanto Rantissi foi levado para o hospital, em
estado crítico, vindo a falecer. Era casado e pai de seis filhos.
Rantissi
era considerado um terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia
e por Israel. Para os árabes, porém, ele era acima de tudo um defensor da causa
palestiniana. A União Europeia condenou o assassinato. Os Estados
Unidos, se bem que não o condenando expressamente, pediram a Israel para «reflectir
atentamente sobre as consequências dos seus actos».
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