EFEMÉRIDE
– Ismael Nery, pintor brasileiro, nasceu em Belém do Pará no dia 9 de
Outubro de 1900. Morreu no Rio de Janeiro em 6 de Abril de 1934. As suas
obras foram executadas atravessando as seguintes fases: Expressionista
(1922/23), Cubista, com evidente influência da fase azul de Pablo
Picasso (1924/27) e Surrealista, a sua fase mais importante e promissora
(1927/34).
Descendente
de indígenas, africanos e holandeses, mudou-se com a família para o Rio de
Janeiro em 1909. Em 1917, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes.
Viajou pela Europa em 1920, tendo frequentado a Academia Julian em Paris. De volta ao
Brasil, trabalhou como desenhador na secção de Arquitectura e Topografia
da Directoria do Património Nacional, órgão ligado ao Ministério da
Fazenda. Ali conheceu o poeta Murilo Mendes, que se tornaria seu grande
amigo e o maior incentivador da sua obra.
Em
1922, casou-se com a poetisa Adalgisa Ferreira. Em 1927, fez nova viagem à
Europa, onde entrou em contacto com Marc Chagall, André Breton e Marcel Noll,
entre outros surrealistas.
Os
seus temas remetem-nos sempre para a figura humana: retratos, auto-retratos e
nus. Não se interessou pelos temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros, que
considerava regionalistas e limitados. Dedicou-se também a várias técnicas
aplicadas em desenhos e ilustrações de livros, tendo sido igualmente cenógrafo.
Em
1929, depois de uma viagem à Argentina e ao Uruguai, foi-lhe diagnosticada
tuberculose, o que o levou a internamento num sanatório pelo período de dois
anos. Saiu aparentemente curado mas, em 1933, a doença voltou de forma irreversível. A
partir daí, as suas figuras tornaram-se mais viscerais e mutiladas. Faleceu aos
trinta e três anos, sendo sepultado vestido com um hábito dos franciscanos,
numa homenagem dos frades à sua ardorosa fé católica.
A
obra de Nery permaneceu ignorada do público e da crítica até 1965, ano em que
teve o seu nome inscrito na 8ª Bienal de São Paulo, na Sala Especial
de Surrealismo e Arte Fantástica. As suas obras foram expostas de novo na 10ª
Bienal de São Paulo. Foram feitas retrospectivas dos seus quadros em 1966 e
em 1984, quando do cinquentenário da sua morte.
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