EFEMÉRIDE
– D. João II, 13º rei de Portugal, cognominado “O Príncipe
Perfeito” pela forma como exerceu o poder, morreu em Alvor no dia 25 de
Outubro de 1495. Nascera em Lisboa, em 3 de Maio de 1455. Filho de D. Afonso
V de Portugal, acompanhou o pai nas campanhas em África e foi armado cavaleiro
na tomada de Arzila (Marrocos). No início de 1471, desposou Leonor de Viseu,
sua prima direita. Fruto desta união nasceria, em 1475, o infante Afonso.
Enquanto
D. Afonso V enfrentava os castelhanos, o príncipe assumiu em 1474 a direcção da expansão
marítima portuguesa iniciada pelo seu tio-avô Infante D. Henrique.
João
II sucedeu ao pai após a sua abdicação em 1477, mas só subiu ao trono após a
sua morte, em 1481. Concentrou então o poder em si, retirando-o à aristocracia.
Desde jovem que João não era popular junto dos pares do reino, visto que
parecia ser imune à influência externa e desprezava as intrigas. Os nobres
poderosos, nomeadamente Fernando II, duque de Bragança, tinham medo da sua
governação e, efectivamente, logo que ele tomou as rédeas do país, provou que
tinham razão para isso.
Nas
conspirações que se seguiram, suprimiu o poder da casa de Bragança e
apunhalou pelas suas próprias mãos o seu primo e cunhado Diogo, duque de Viseu,
que se preparava para lhe fazer o mesmo. Pelo seu lado, o duque de Bragança, porque
se comprovou a existência de cartas comprometedoras trocadas com os vizinhos
reis católicos, foi condenado à morte após julgamento. Governando desde então
sem oposição, D. João II foi um grande defensor da política de exploração
atlântica, dando prioridade à busca de um caminho marítimo para a Índia.
Eis
alguns factos notáveis ocorridos no seu reinado: - Diogo Cão descobriu a foz do
rio Congo e explorou a costa da Namíbia (1484); Bartolomeu Dias cruzou o cabo
da Boa Esperança, tornando-se o primeiro europeu a navegar no oceano Índico
vindo de oeste (1488); Álvaro de Caminha iniciou a colonização das ilhas de São
Tomé e Príncipe (1493), sendo a ilha do Príncipe assim baptizada em homenagem
ao único filho do rei; foram enviadas expedições por terra, lideradas por Pêro
da Covilhã e Afonso de Paiva, ao Cairo, Adém, Ormuz, Sofala e Abissínia, a
terra do lendário Preste João, de onde enviaram relatórios sobre essas
paragens, ficando D. João II com a certeza de que se poderia atingir a Índia
por mar; D. João II contestou a “Bula Inter Coetera” e negociou
directamente com os reis católicos de Castela o Tratado de Tordesilhas
(1494); delineou também a primeira viagem no caminho marítimo para a Índia, que
seria efectuada já no reinado do seu sucessor.
Centralizou
na coroa a exploração e comércio na costa da Mina e Golfo da Guiné,
determinando a construção de uma feitoria para apoiar o florescente comércio do
ouro de aluvião na região. Sob o comando de Diogo de Azambuja, foi rapidamente
construído o Castelo de São Jorge da Mina, com pedra previamente talhada
e numerada em Portugal, enviada como lastro nos navios, sistema de construção
depois adoptado para numerosas fortificações.
O
seu único herdeiro, o príncipe Afonso de Portugal, estava prometido desde a
infância a Isabel de Aragão e Castela, ameaçando assim herdar os tronos de
Castela e Aragão. Contudo, o jovem príncipe morreu em 1491, numa misteriosa
queda durante um passeio a cavalo à beira do Tejo. Durante o resto da sua vida,
D. João II tentou, sem sucesso, obter a legitimação do seu filho bastardo Jorge
de Lencastre. Morreu sem herdeiros legítimos, tendo escolhido para sucessor o
duque de Beja, seu primo direito e cunhado, que viria a ascender ao trono como D.
Manuel I de Portugal. D. João II está sepultado no Mosteiro de Santa Maria
da Vitória, na Batalha.
Parte
das descobertas portuguesas durante o reinado de D. João II permanece, no
entanto, desconhecida. Muita informação foi mantida em segredo por razões
políticas e os arquivos daquele período foram destruídos no Terramoto de
1755.
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