Formado em Medicina, Biociência,
Epidemiologia e Filosofia, graduou-se na Academia Naval dos
Estados Unidos, fez residência médica num hospital naval de San Diego, na
Califórnia, e o curso de Medicina Aeroespacial em Pensacola, na Flórida.
Serviu depois como cirurgião naval de voo nas Filipinas e foi designado
conselheiro médico no comando da frota norte-americana no Pacífico, novamente
em San Diego.
Em 1992, fez parte do grupo de
astronautas seleccionado pela NASA no Centro Espacial Lyndon B.
Johnson, em Houston, no Texas. A sua primeira missão espacial foi em Setembro
de 1994, na STS-64 Discovery, missão de dez dias com propósitos
científicos que incluiu pela primeira vez o uso do laser nas pesquisas do
ambiente sem gravidade.
Após esta missão, Linenger foi
para a Cidade das Estrelas, na Rússia, realizar treinos preparatórios
para uma missão de longa duração no espaço, a bordo da estação orbital Mir,
parte do programa Shuttle-Mir, levado a cabo conjuntamente pelas
agências espaciais dos dois países. O curso foi todo feito em russo e consistiu
na aprendizagem de todos os sistemas operacionais da estação Mir, treino
em simulador, operações de lançamento e reentrada na nave espacial Soyuz
e caminhadas espaciais em tanques de água usando o traje espacial russo Orlan.
Jerry também treinou como
cientista-chefe, para conduzir todo o programa científico americano a bordo,
que consistia em mais de cem experiências em várias disciplinas, entre elas a medicina
geral, monitoramento do sono, dosagem de radiação, mudanças no desempenho
individual durante longos voos espaciais, epidemiologia, ciência espacial,
fotografias da Terra, geologia, oceanografia, comportamento de fluidos na
microgravidade, etc.
Linenger foi lançado para a sua
segunda e mais longa missão espacial em 12 de Janeiro de 1997, na nave Atlantis
STS-81, que acoplou em órbita com a Mir e onde ele permaneceu com
dois cosmonautas russos também integrantes da expedição durante 132 dias, então
a mais longa permanência no espaço de um astronauta norte-americano.
Durante a sua estadia, Linenger e
os seu colegas russos testaram pela primeira vez o traje espacial Orlan,
de fabricação russa, em actividades extra-veiculares de cinco horas de duração,
além de instalarem e recolherem experimentos científicos colocados em painéis
na estrutura externa da estação. Os três membros da tripulação fizeram igualmente
um voo em volta da Mir, usando a nave Soyuz de resgate de
emergência, acoplada permanentemente num dos pontos de atracação, o que o
transformou no primeiro astronauta a desatracar de uma estação espacial em duas
naves diferentes, a Soyuz e o ónibus espacial. Durante a missão, Linenger
e os tripulantes russos encontraram diversas dificuldades a bordo, a pior delas
um incêndio que teve início num aparelho gerador de oxigénio, vazamento de
dióxido de carbono, problemas nas antenas de comunicação, perda de força na
estação - o que causou uma perda de altitude na órbita da Mir - e uma
quase colisão com a nave-cargueiro não-tripulada Progress. Porém, apesar
dos desafios e mau funcionamento, a tripulação completou todos os objectivos. O
seu comportamento durante as situações de emergência ocorridas na missão,
entretanto, geraram diversas polémicas e levou o escritor Brian Burroughs a
escrever o livro “Dragonfly: NASA and the Crisis Aboard Mir”, em que
critica determinadas atitudes dele face às situações de perigo.
Ao completar a sua estadia de
quase cinco meses, Linenger tinha viajado cerca de 50 milhões de milhas no
espaço, o equivalente a 110 viagens de ida e volta à Lua, e realizado mais de 2
mil órbitas em volta da Terra. Aposentou-se da NASA em Janeiro de 1998 e
vive agora com a família no seu estado natal, Michigan.
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