É um dos actores da era clássica
de Hollywood. Era conhecido pelo seu sotaque transatlântico, comportamento
afável, atitude alegre ao representar e senso de timing cómico.
Quando criança, Archibald
costumava ser vestido como uma menina pela mãe, o que acabaria por lhe causar dúvidas
quanto à sua sexualidade. Aos seis anos, o pai levou-o para assistir a um espectáculo
de pantomima e ele adorou. O produtor, Robert Lomas, precisava mais uma criança
e o pai assinou uma guarda provisória, entregando-lhe o menino. Assim,
Archibald foi em companhia de Lomas para Berlim, na Alemanha. A trupe foi vista
pelo empresário americano Jesse Lasky, que os convidou para se apresentarem em
Nova Iorque. Aos sete anos, o menino viu-se a bordo do Lusitânia, tendo com
destino à Broadway.
Acabada a temporada, Archibald regressou
à Bristol, na Inglaterra, e aos estudos. Aos nove anos, passou a viver apenas
com o pai pois, certo dia, ao chegar da escola, soube que a mãe teria ido
passar uma temporada no litoral. Na realidade, ela havia sido internada numa
instituição para doentes mentais.
Aos treze anos, Archie (como era
chamado) deixou a escola e, imitando a assinatura do pai, conseguiu entrar para
o grupo do comediante Bob Pender. Durante dois anos. apresentou-se em diversas
cidades de Inglaterra até que, em Julho de 1920, aos dezasseis anos, foi uma
das oito pessoas escolhidas por Pender, para uma bem-sucedida tournée de dois
anos pelos Estados Unidos, ao fim da qual decidiu não voltar para Inglaterra.
Trabalhou então como arrumador de
salas de cinema, vendeu de gravatas e fez espectáculos de variedades. Ao mudar-se
para Hollywood, a sua bela aparência chamou a atenção de Ben Schulberg, da Paramount.
O seu nome, porém, seria um obstáculo, sendo urgente mudá-lo e assim nasceu “Cary
Grant”.
A estreia na carreira artística foi
em 1932, no obscuro musical “Esposa Improvisada”, mas a primeira grande
oportunidade chegaria com o realizador Josef von Stenberg, que o escolheu para
fazer par com Marlene Dietrich, em “Vénus Loira”. Em seguida, actuou
em cerca de vinte filmes até chegar ao estrelato em 1935, com o filme “Vivendo
em Dúvida”, ao lado de Katharine Hepburn.
Em 1933, durante um almoço no
estúdio, conheceu o actor Randolph Scott, o qual, segundo se sabia, era amante
do milionário Howard Hughes. Acredita-se que a atracção entre eles foi imediata
e recíproca, e os dois passaram a ter uma relação homossexual e Scott até se
mudou para o apartamento de Grant. Muitos produtores chegaram a ameaçá-los de
não lhes oferecerem trabalho se não passassem a morar em casas separadas.
Assim, face às pressões impostas pela sociedade, Grant nunca chegou a assumir
publicamente que este teria sido o grande amor secreto da sua vida.
Em Fevereiro de 1934, os
executivos da Paramount forçaram-no a casar com a actriz Virginia
Cherrill, mas o casamento apenas chamou mais a atenção para o caso, pois,
alguns meses depois, Cary Grant tentou o suicídio, ingerindo pílulas para
dormir. Em Março de 1935, divorciou-se e voltou a morar com Randolph Scott. Em
1941, durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se cidadão norte-americano
e, em Julho de 1942, casou-se com a milionária Barbara Hutton, de quem se
divorciou três anos mais tarde.
A fama internacional ele
conquistou-a em 1946, quando actuou ao lado de Ingrid Bergman no filme de
Alfred Hitchcock, “Interlúdio”, fama consolidada em 19,57, com “Tarde
Demais para Esquecer”. Nesse ano, quando estava casado com a actriz Betsy
Drake, apaixonou-se perdidamente por Sophia Loren, mas esta não o quis, por já
se achar seriamente envolvida com o produtor italiano Carlo Ponti. Em seguida,
casou-se a actriz Dyan Cannon, sua quarta esposa, da qual se divorciou em 1976.
Teve com ela uma filha, Jennifer Grant. Em Abril de 1981, Cary casou-se pela
última vez, com a actriz Barbara Harris.
É mais conhecido pelas suas
parcerias com grandes realizadores, como Alfred Hitchcock e Howard Hawks, e
pela elegância que sempre demonstrou nos ecrãs. Foi nele que o escritor inglês
Ian Fleming se baseou para criar o personagem 007. O convite foi-lhe feito, mas
foi recusado e aceite por Sean Connery.
Ele foi nomeado duas vezes para
os Oscars nos anos 1940, com os filmes “Serenata Prateada”
(1941), e “Apenas Um Coração Solitário” (1944)], mas, por ser um dos
primeiros actores independentes dos grandes estúdios, não obteve o prémio
durante os seus anos de actividade. Somente em 1970, a Academia lhe deu
um Oscar pela sua carreira.
O actor encerrou a sua carreira
no cinema em 1966, com o filme “Walk, Don’t Run”, pois - segundo ele -
estava velho para interpretar papéis principais e os seus fãs não aceitariam de
o ver como actor secundário.
Cary Grant quase morreu no palco. Teve uma hemorragia cerebral fulminante ao sair do Teatro Adler, em Davenport, Iowa, onde ensaiava o espectáculo “Uma conversa com Cary”. Tinha 82 anos. O seu corpo foi levado para Los Angeles onde, conforme sua vontade, foi cremado sem qualquer cerimónia fúnebre.
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