EFEMÉRIDE – Yannis Xenakis, compositor, engenheiro e arquitecto grego, naturalizado francês, nasceu em Brăila, na Roménia, em 29 de Maio de 1922. Morreu em Paris no dia 4 de Fevereiro de 2001.
Aos dez anos mudou-se com a família para a Grécia, onde veio a estudar engenharia. Os estudos foram interrompidos pela ocupação nazi. Participou na Resistência Grega durante a Segunda Guerra Mundial e na primeira fase da Guerra Civil Grega, como membro do Exército de Libertação do Povo Grego. Em Janeiro de 1945 foi ferido por um obus, perdendo um olho e ficando desfigurado em parte do rosto. Em 1946 finalizou os estudos de engenharia, mas foi perseguido e condenado à morte devido ao seu activismo político. Conseguiu fugir para França em 1947, onde ingressou no estúdio parisiense do famoso arquitecto Le Corbusier, de quem foi aluno. Em virtude da sua formação de arquitecto e de matemático, começou a dedicar-se também a uma nova música, regida por leis estatísticas.
No campo da música acústica, interessou-se igualmente por uma outra colocação dos músicos, de modo não convencional, por vezes entre o próprio público. Numerosas experiências provaram a sua eficácia, tendo sido um dos mais brilhantes participantes num Festival de Royan.
Em 1957, pela primeira vez, Xenakis pôde beneficiar do apoio técnico de um computador da IBM para programar a sua música, o que veio aumentar a possibilidade de um processo de criação concebido na sua globalidade.
Xenakis veio a criar uma interface, com a qual ligou o mundo visual do grafismo e o mundo sonoro da música. Conseguiu, utilizando procedimentos que poderiam fazer das suas obras produções totalmente desumanizadas, uma música muitas vezes lírica e extremamente comovente. “Nuits”, “L'Orestie” e todas as suas últimas obras estão próximas, na sua simplicidade voluntária, do espírito das últimas obras de Liszt.
Entre 1967 e 1978 organizou, com grande êxito, muitos espectáculos de “Som e Luz” em vários locais, utilizando um conceito que lhe era caro - a aliança entre a arquitectura e a música. Tive pessoalmente a sorte de assistir a um destes espectáculos em Paris, junto das ruínas de Cluny, no célebre Boulevard de Saint-Michel. Aquela era, por assim dizer, uma música “para se ver”, uma mistura de espaço, luz e sons, que criava um novo universo musical. Não se julgue porém que Xenakis se deixava escravizar pela máquina, ao invés submetia-a aos seus desígnios. Raios laser e flashes, que rasgavam o espaço, acompanhavam a “música do amanhã”. Este espectáculo inolvidável, que se chamava “O Politopo de Xenakis”, é referido num livro de crónicas do consagrado escritor português Urbano Tavares Rodrigues.
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