EFEMÉRIDE – Elfriede Jelinek, romancista e dramaturga austríaca, Prémio Nobel de Literatura em 2004, nasceu em Mürzzuschlag no dia 20 de Outubro de 1946.
As suas relações contra certos meios austríacos são quase de ódio. Membro do Partido Comunista Austríaco de 1974 até 1991, posicionou-se sempre com violência contra as ideias e a personalidade de Jörg Haider, líder da extrema-direita, aliás recentemente falecido.
O pai era um químico judeu de origem checa, que trabalhava na pesquisa de material de guerra. Certamente devido a este lugar estratégico, escapou às perseguições nazis. Acabou por ser “dominado”, porém, por uma esposa oriunda da burguesia católica, que Elfriede descreve como “despótica e paranóica”. Nunca se libertou do peso dos seus progenitores, detestando-os. Acusava o pai, que morreu num hospital psiquiátrico, de não ter sabido impor-se face a uma mulher castradora e de não a ter sabido proteger da sua prepotência.
Depois de ter seguido estudos musicais no Conservatório de Música, decidiu seguir cursos de Teatro e de História de Arte na Universidade de Viena. Muito cedo, Jelinek se apaixonaria pela literatura e pela escrita. Foi o contacto com os movimentos estudantis que a fez orientar para a carreira de escritora. Cada obra que publicava, dava origem no entanto a grandes polémicas, devido a nítidas conotações de critica social.
O seu raciocínio corrosivo e obsessivo, denunciou a humilhação física e moral que sofriam as mulheres. Em alguns dos seus livros, desenvolveu a dialéctica mestre-escravo, dizendo que ela se reflecte no trabalho, com os empregados, e acaba em casa, com a mulher. Nas suas obras disseca igualmente as ligações ambíguas de certos intelectuais face ao poder político e às teses fascistas.
Dominando perfeitamente as línguas francesa e inglesa, traduziu para alemão, várias peças de teatro francesas e algumas tragédias de Shakespeare.
Foi laureada com numerosos prémios, entre os quais vários troféus de “Melhor Dramaturga”. Ganhou igualmente o “Prémio Heinrich Böll 1986”, o “Prémio Georg Büchner 1998” e o “Prémio Heinrich Heine 2002”, pelas suas contribuições para a divulgação da língua alemã. Desculpando-se com razões de saúde, não se deslocou a Estocolmo para receber o Prémio Nobel, fazendo-se representar pela sua Editora. «Obviamente que na Áustria tentarão explorar a honra que me foi concedida, mas é necessário recusar esta forma de publicidade» - declarou quando anunciou a sua ausência na cerimónia. Enviou no entanto à Academia Sueca e à Fundação Nobel um vídeo de agradecimentos.
O seu romance mais vendido “A Pianista” foi adaptado ao cinema em 2001. Jelinek participou igualmente na adaptação cinematográfica de várias outras das suas obras. Além de Romances e Peças de Teatro, escreveu também Poesia.
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