domingo, 11 de março de 2012




EFEMÉRIDE – Nino Konis Santana, de seu verdadeiro nome Antoninho Santana, comandante das Forças Armadas de Libertação e Independência de Timor-Leste (FALINTIL), forças de guerrilha da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (FRETILIN), que lutaram contra a Indonésia e pela independência, morreu em Ermera no dia 11 de Março de 1998. Nascera em Veru, Tutuala, em 1957.


Durante a juventude, foi dirigente da União Nacional dos Estudantes Timorenses. Foi membro da comissão que preparou o processo eleitoral em Lospalos em 1974 e professor, na mesma localidade, até à invasão indonésia em Dezembro de 1975. Após a invasão e a ocupação indonésia, Konis Santana buscou refúgio nas montanhas e ingressou na luta armada, na Região Militar de Lospalos.


Em 1981 foi nomeado membro do grupo de ligação liderado por Xanana Gusmão. No início de 1992, após a captura de José da Costa, aliás “Mau Hodu Ran Kadalak”, passou a adido político de Xanana. Com a prisão deste em Novembro de 1992, foi nomeado membro do Comité Político-Militar liderado por António João Gomes da Costa, conhecido pelo nome de guerra “Ma'Hunu”, que acabou também por ser capturado pelas forças indonésias no ano seguinte em Manufahi. Konis Santana ascendeu, então, a comandante operacional das FALINTIL, tendo reorganizado a resistência com o estabelecimento do Conselho Executivo da Luta Armada e da Frente Clandestina, coordenando toda a actividade da resistência dentro do território. Konis Santana foi ainda Secretário do Comité Directivo da FRETILIN.


Com o objectivo de levar a guerrilha à parte ocidental da ilha, Konis Santana fixou-se em Ermera em 1991. Inicialmente viveu nas plantações de café. Com o intensificar das patrulhas indonésias (naquele tempo chegou a haver um soldado indonésio por cada 35 civis timorenses), Konis – com a ajuda de familiares que viviam na zona – construiu um pequeno oratório dedicada a Nossa Senhora de Fátima. Por baixo, ficava um esconderijo que incluía uma pequena sala, um quarto de dormir e um quarto de banho, onde Konis viveu os últimos seis anos da sua vida. Foi dali que conseguiu comandar as forças no terreno, graças ao serviço de estafetas que levavam e traziam mensagens, de rádios e também, já perto do final da sua vida, pelo recurso a um telefone via satélite.


Apesar da presença constante do exército indonésio nas redondezas, o esconderijo nunca foi descoberto. Konis acabou por falecer na sequência de complicações de saúde e da falta de assistência médica adequada. Com a sua morte, a liderança da luta armada de Timor-Leste passou a ser assumida por Taur Matan Ruak, até à realização do referendo que decidiu a independência do território.


Em finais de 2005, após cinco anos de investigação nos arquivos por ele deixados, o historiador português José Mattoso lançou o livro “A Dignidade – Konis Santana e a Resistência Timorense”.

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