EFEMÉRIDE – Nino Vieira, de seu verdadeiro nome João Bernardo Vieira, guerrilheiro, militar e político, três vezes presidente da república da Guiné-Bissau, foi assassinado em Bissau no dia 2 de Março de 2009. Nascera na mesma cidade em 27 de Abril de 1939.
Electricista de profissão, filiou-se em 1960 no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tornando-se rapidamente uma peça importante na guerrilha contra o regime colonial português. À medida que a guerra se intensificou, demonstrou grande habilidade como líder militar e rapidamente subiu na cadeia de comando. Vieira era conhecido pelos seus camaradas por “Nino”, que permaneceu o seu nome de guerra enquanto durou a luta.
Logo após as eleições do Conselho Regional no fim de 1972, em áreas sob o controlo do PAIGC, que levaram à constituição de uma Assembleia Constituinte, foi nomeado presidente da Assembleia Nacional Popular. Em Setembro de 1978, foi nomeado primeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Em 1980, as condições económicas tinham-se deteriorado significativamente, o que levou a uma generalizada insatisfação para com o governo. Em Novembro, Vieira derrubou o governo de Luís Cabral com um golpe militar sem derramamento de sangue. A constituição foi suspensa e foi formado um Conselho Militar da Revolução com nove membros, comandado por Nino Vieira. Em 1984, uma nova constituição foi aprovada, fazendo o país voltar a um regime civil.
A Guiné-Bissau, como o resto da África subsaariana, foi adoptando uma democracia multipartidária no começo dos anos 1990 e houve eleições em 1994. Na primeira volta das presidenciais, Nino Vieira teve 46% dos votos, concorrendo com mais sete candidatos. Na 2ª volta, recebeu 52% dos votos contra 48% de Kumba Yalá, tomando posse em Setembro como primeiro presidente democraticamente eleito.
Logo depois de uma tentativa fracassada de golpe de estado em 1998, o país viu-se envolvido numa breve mas violenta guerra civil entre forças leais a Vieira e outras leais ao líder rebelde Ansumane Mané. Os rebeldes depuseram o governo em Maio de 1999 e Nino refugiou-se na embaixada portuguesa, antes de se exilar em Portugal.
Em Abril de 2005, pouco mais de dois anos depois de outro golpe militar derrubar o governo do presidente Kumba Yalá, Vieira voltou a Bissau e anunciou que se candidataria nas eleições presidenciais desse ano. O seu antigo partido, o PAIGC, apoiou o presidente interino Malam Bacai Sanhá como candidato. De acordo com os resultados oficiais, Vieira ficou em segundo lugar com 29% dos votos, atrás de Sanhá, e portanto houve uma segunda volta. Derrotou então Sanhá com 53% dos votos, tomando posse como presidente.
Em Outubro de 2005, Vieira anunciou a dissolução do governo chefiado pelo seu rival Carlos Gomes Júnior, um modo – segundo ele – de tentar manter a estabilidade no país. No mês seguinte, nomeou o seu aliado político Aristides Gomes como primeiro-ministro.
Em Março de 2009, após o assassinato do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, morto com uma bomba, o presidente Nino Vieira foi morto a tiro por militares que mantiveram a sua casa debaixo de fogo intenso. Estes militares retiraram depois todos os seus bens pessoais do palácio presidencial, no saque que se seguiu.
Segundo investigações do jornal francês “Le Fígaro”, os dois atentados teriam a marca dos traficantes de droga colombianos. O PRID, partido de Nino Vieira, teria estado particularmente implicado neste tráfico por intermédio de uma grande parte da classe política. O duplo atentado teria sido uma medida de represálias contra a destituição em Agosto de 2008 do chefe da Marinha Nacional, que fora acusado de dar cobertura aos referidos traficantes.
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