EFEMÉRIDE – Yma Sumac, de seu verdadeiro nome Zoila Augusta Emperatriz Chavarri del Castillo, cantora lírica peruana, nasceu em Cajamarca no dia 13 de Setembro de 1922. Morreu em Los Angeles, em 1 de Novembro de 2008. Nos anos 1950, foi uma das artistas mais famosas de música exótica e tornou-se um sucesso internacional em virtude do seu registo de voz extraordinário, com uma amplitude de 5 oitavas, o que fez dela uma das mais excepcionais vozes de todos os tempos.
Desde muito novinha, “Perita” (como lhe chamavam os amigos) exprimiu o desejo de ser cantora. Este projecto foi firmemente contrariado pelos pais, um arquitecto de origem basca-espanhola e uma professora de origem inca e europeia, para os quais «ser cantora não era uma carreira aconselhável para uma rapariga». Zoila, no entanto, treinava-se na montanha, entoando canções folclóricas e imitando o canto agudo dos pássaros.
A primeira apresentação de Yma Sumac teve lugar na rádio argentina em 1942. Dois anos depois, gravou na Argentina mais de 20 canções de música popular peruana. Estas gravações tiveram a participação da Companhia Peruana de Arte, composta por 46 dançarinos, cantores e músicos de origem indígena. Em 1946, Yma e o marido Moisés Vivanco foram para Nova Iorque, onde actuaram no âmbito do trio Inca Taky, em que Sumac cantava como soprano, sua prima Cholita como contralto e dançarina e Vivanco, seu marido, tocava violão. Fizeram uma tournée pela América do Sul, actuando nomeadamente na Argentina, Brasil, Chile e México.
A Companhia Peruana de Arte foi entretanto dissolvida e o trio partiu para os Estados Unidos a convite da actriz americana Grace Moore, que assistira a um dos recitais do grupo. Chegados a Nova Iorque em 1946, começaram a procurar locais para apresentar o seu espectáculo. Em Janeiro de 1947, Grace Moore desapareceu tragicamente num desastre de aviação em Copenhaga, sem ter chegado a encontrar-se com Yma Sumac. O trio deu espectáculos durante três anos, mas sem grande sucesso. Só em 1949, o seu nome começou a ser falado com interesse.
Em 1950, obtiveram um contrato com a Capital Records que pediu a Vivanco para rearranjar as canções do reportório para uma orquestra completa e não somente para um trio de base.
Gravou seis álbuns originais (1950/59), que não pararam de ser reeditados até aos anos 1980. Foram depois difíceis de encontrar durante uma dezena de anos, antes de voltarem a ser reeditados em CD a partir de 1995.
Entretanto, Yma actuou em vários filmes, o mais conhecido dos quais é “O Segredo dos Incas”, que consolidou a sua carreira e a veio confirmar como uma grande estrela de Hollywood. Este filme, rodado em parte nas ruínas de Machu Pichu, foi estreado em Maio de 1954.
Em 1955, naturalizou-se norte-americana. No ano seguinte, divorciou-se de Vivanco, mas o casal reconciliou-se e voltou a casar em 1959. Em Abril deste ano, foi editado o seu último disco para a Capitol Records (“Fuego del Ande”).
No fim dos anos 1950, partiu em tournée para a América do Norte, com a “Montreal and Toronto symphony orchestras”. No começo dos anos 1960, o casal teve problemas com o fisco americano e decidiu partir para uma tournée mundial que começou pela Europa. Depois de Zurique, teve uma actuação triunfal no Alhambra em Paris. Convidada por Nikita Khrouchtchev, foi à URSS em 1961. A estadia estava prevista para duas semanas, mas Yma foi de tal modo acolhida que se instalou na União Soviética durante seis meses. Na Roménia, gravou um disco ao vivo. Seguiu-se a Ásia e, de novo, a Europa e a América. Voltou a Los Angeles em 1964, mas o público tinha-a esquecido. Actuou somente na televisão americana.
Em 1965, divorciou-se pela segunda vez de Vivanco e voltou ao Peru em 1968, onde se instalou até ao meio dos anos 1980, vivendo junto dos pais. Voltou aos Estados Unidos em 1984, depois de uma longa semi-reforma. Relançou a carreira, acrescentando novas composições ao seu reportório. Actuou no Carnegie Hall e no Hollywood Bowl, retomando o trabalho, mas de um modo mais calmo. Actuou em Bruxelas, Berlim e Bourges.
Em 1997, cantou no Festival de Jazz de Montreal, reformando-se depois em Los Angeles. Em Maio de 2006, voltou ao Peru durante duas semanas para receber as felicitações do governo «pela sua ajuda na difusão da cultura peruana no mundo». Recebeu a Ordem do Sol, a mais alta distinção do Peru. No dia 15 de Maio, foram-lhe entregues as chaves da cidade de Lima. Faleceu aos 86 anos, vítima de cancro.
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