EFEMÉRIDE – Santiago José Carrillo Solares, político espanhol, dirigente do Partido Comunista Espanhol (PCE) de 1960 a 1982, morreu em Madrid no dia 18 de Setembro de 2012. Nascera em Gijón, nas Astúrias, em 18 de Janeiro de 1915. Combateu na Guerra Civil Espanhola e foi figura relevante da oposição ao franquismo. Depois da morte de Franco em 1975, teve um papel importante no processo de transição democrática que levou à ratificação da Constituição de 1978.
Foi criado no seio de uma família de operários das Astúrias que se mudou para Madrid quando o pai, sindicalista dirigente do PSOE e da UGT, foi transferido para a capital para assumir responsabilidades nacionais.
Santiago frequentou o Liceu Cervantes, dependente da Institución Libre de Enseñanza, uma organização laica de ensino. A situação de penúria económica da família obrigaram-no porém a abandonar os estudos e a ir trabalhar como aprendiz numa tipografia. Aderiu depois à Juventude Socialista e à UGT, começando a escrever para o jornal “O Socialista”.
Depois da proclamação da Segunda República em 1931, Santiago Carrillo tomou a seu cargo a secção parlamentar daquele jornal, o que lhe proporcionou o contacto com personalidades políticas da época.
Em 1934, foi nomeado secretário da Juventude Socialista e participou nos acontecimentos da Revolução das Astúrias (Outubro de 1934), o que o levou à prisão, juntamente com o pai e outros dirigentes. Foi libertado com a chegada ao poder da Frente Popular (Abril de 1936).
O começo da guerra civil em Julho de 1936 surpreendeu Carrillo em Paris. Entrou em Espanha, juntou-se ao exército e combateu no País Basco e na Sierra a norte de Madrid. No começo do Outono, atingiu o posto de capitão e, em Novembro, aderiu ao PCE, tornando-se membro da Junta de Defesa de Madrid, dirigida pelo general Miaja. Partiu seguidamente para Valência, a fim de organizar a mobilização popular e as milícias para travar a primeira ofensiva franquista sobre a capital. Depois da estabilização da linha da frente, Carrillo dirigiu – de Janeiro de 1937 até ao fim da guerra – a organização da juventude comunista (Juventud Socialista Unificada) da qual 200 000 membros integraram o Exército Popular. No mesmo ano, ingressou no Comité Político do PCE.
Quando da capitulação dos republicanos, Santiago Carrillo partiu para o campo de Albartera. Conseguiu salvar a sua companheira e a filha que, no entanto, morreria de doenças contraídas durante a detenção.
Em 1944, Dolores Ibárruri (a Passionária) era a secretária-geral do PCE no exílio. Carrillo tomou a seu cargo a reorganização do partido em Espanha. Quando do VII congresso do PCE, foi nomeado secretário-geral, substituindo Dolores Ibárruri, que pedira a demissão e foi elevada á presidência do partido.
A partir de 1968, tirando consequências das suas críticas contra a invasão da Checoslováquia, distanciou-se da linha política da URSS e aproximou-se das posições defendidas pelos líderes comunistas de Itália e de França. Esta corrente foi designada de “euro-comunismo”.
Depois da morte de Franco, o PCE foi legalizado em Abril de 1977 pelo governo de Adolfo Suarez. Em Junho, Santiago Carrillo, Dolores Ibárruri e o poeta Rafael Alberti estiveram entre os primeiros deputados comunistas eleitos para as Cortes. Carrillo contribuiu para o processo de democratização espanhol, aceitando o regime de monarquia parlamentar incarnado pelo rei Juan Carlos e multiplicando os actos públicos de reconciliação com personalidades que tinham sido suas inimigas durante a guerra civil e sob o franquismo.
A perda de influência do PCE, cujo número de deputados não parou de decrescer nas eleições de 1979 e 1982, fez com que Carrillo apresentasse a sua demissão da direcção do partido.
A nova direcção decidiu excluí-lo do partido em Abril de 1985. Carrillo fundou então o Partido de los Trabajadores de España – Unidad Comunista que falhou nas eleições de 1986 (nenhum deputado eleito) e, depois, nas eleições para o Parlamento Europeu. Em 1991, o partido integrou-se no PSOE, com excepção de Carrillo que recusou fazê-lo em nome do seu passado comunista. Resolveu abandonar a vida política.
Passou a dar conferências e a participar em debates populares na rádio. Em Outubro de 2005, recebeu o doutoramento honoris causa da Universidade Autónoma de Madrid. Faleceu em 2012, aos 97 anos.
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