domingo, 15 de setembro de 2013

15 DE SETEMBRO - DESCOBERTA DA PENICILINA


 
EFEMÉRIDEA penicilina G, antibiótico natural derivado de um fungo, o bolor penicillium chrysogenum (ou P. notatum), foi descoberta em 15 de Setembro de 1928 pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming. Está disponível como fármaco desde 1941, sendo o primeiro antibiótico a ser utilizado com sucesso.
Fleming, ao ir de férias, esqueceu-se de algumas placas com culturas de microrganismos no seu laboratório no Hospital St. Mary em Londres. Quando regressou, reparou que uma das culturas de staphylococcus tinha sido contaminada por um bolor e, em volta das colónias deste, não havia mais bactérias. Então Fleming e o seu colega Pryce descobriram um fungo do género penicillium e demonstraram que o fungo produzia uma substância responsável pelo efeito bactericida – a penicilina. Esta foi obtida em forma purificada por Howard Florey, Ernst Chain e Norman Heatley, da Universidade de Oxford, muitos anos depois, em 1940. Eles comprovaram as suas qualidades antibióticas em ratos infectados, assim como a sua não toxicidade. Em 1941, os seus efeitos foram demonstrados em humanos. O primeiro homem a ser tratado com penicilina foi um polícia que sofria de septicemia com abcessos disseminados, uma condição geralmente fatal nessa época. Ele melhorou bastante após a administração do fármaco, mas veio a falecer quando as reservas iniciais de penicilina se esgotaram. Em 1945, Fleming, Florey e Chain receberam o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina por este trabalho. A penicilina salvou milhares de vidas de soldados na Segunda Guerra Mundial. Durante muito tempo, o capítulo que a penicilina abriu na história da medicina parecia prometer o fim das doenças infecciosas de origem bacteriana como causa de mortalidade.
Tem-se dito que muitas descobertas científicas são feitas por acaso. O acaso, no entanto, como dizia Pasteur, só favorece os espíritos preparados e não prescinde da observação. A descoberta da penicilina constitui um exemplo típico. Fleming vinha há algum tempo a pesquisar substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas. Essa preocupação justificava-se pela experiência adquirida na Primeira Grande Guerra, na qual muitos combatentes morreram em consequência de infecções em ferimentos profundos. Em 1922, Fleming descobrira uma substância anti-bacteriana na lágrima e na saliva, à qual dera o nome de lisozima. Em 1928, estava a desenvolver pesquisas sobre estafilococos, quando descobriu a penicilina. As placas com culturas de estafilococos tinham ficado esquecidas sobre uma mesa, em lugar de as guardar no frigorífico ou inutilizar, como seria mais natural. Quando voltou ao trabalho, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, facto que é relativamente frequente. Colocou-as então, numa bandeja para limpeza e esterilização. Nesse exacto momento, entrou no laboratório o seu colega Pryce, que lhe perguntou como iam as suas pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar ao colega alguns detalhes sobre as culturas de estafilococos que estava a realizar. Notou que havia, numa das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior.
O fungo foi identificado como pertencente ao género penicillium, donde deriva o nome de penicilina dado à substância por ele produzida. Fleming passou a empregá-la no seu laboratório para seleccionar determinadas bactérias, eliminando das culturas as espécies sensíveis à sua acção.
A descoberta não despertou inicialmente grande interesse e não houve a preocupação em a utilizar para fins terapêuticos em casos de infecção humana. Isto até ao começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939. No ano seguinte, Howard Florey e Ernst Chain, de Oxford, retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina – a era dos antibióticos.
O principal mecanismo de resistência de bactérias à penicilina baseia-se na produção de beta-lactamases, enzimas que degradam a penicilina, impedindo a sua acção. A penicilina não tem efeitos secundários significativos, mas pode raramente causar reacções alérgicas e até choque anafilático nos indivíduos susceptíveis. Os sintomas iniciais nesses casos podem incluir eritemas cutâneos disseminados, febre e edema da laringe, com risco de asfixia. A sua introdução por injecção no organismo também é conhecida por ser dolorosa. Além disso, o uso prolongado ou em altas doses pode causar depleção da flora normal no intestino e supra-infecção com espécie patogénica.
Existem actualmente muitos antibióticos derivados da penicilina por métodos químicos industriais, constituindo as penicilinas semi-sintéticas.

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