EFEMÉRIDE
– Didier Daurat, pioneiro da aviação francesa, figura marcante da grande
aventura que foi a Aéropostale, nasceu em Montreuil-sous-Bois no dia 2
de Janeiro de 1891. Morreu em Toulouse, em 2 de Dezembro de 1969.
Participou
como soldado, em condições terríveis, na Primeira Guerra Mundial,
nomeadamente na Batalha de Verdun. Passou depois para a aviação como
piloto de reconhecimento e, mais tarde, piloto de caça. Distinguiu-se por ter
identificado o canhão de longo alcance que estava a bombardear Paris.
Depois
da guerra, entrou para as Linhas Aéreas Latécoère (que se tornarão
depois na Aéropostale), onde começou como piloto e se tornou depois
director de exploração.
Desde
logo, começava a lenda de um homem com vontade de ferro, um chefe que era admirado
por muitos, temido por todos e odiado por alguns. Não hesitava em despedir quem
mostrasse sinais de fraqueza, quem contestasse os seus métodos ou aqueles que
não aderissem ao que ele considerava o «espírito do transporte de correio».
Muitos
pilotos começavam as suas carreiras no solo, efectuando a manutenção dos aviões.
Segundo Daurat, este procedimento formava o carácter e obrigava os pilotos a
respeitar a mecânica, que eles conheciam como as palmas das mãos. De facto,
esta aptidão para desmontar e reparar um motor iria revelar-se vital tanto no Sahara
como nos Andes. Ele sabia, por outro lado, descobrir talentos. Foi ele quem
decidiu nomear Antoine de Saint-Exupéry, no qual detectara grande inteligência
e um dom para as relações humanas, como chefe da zona saariana, onde viria com
efeito, habilmente, a falar e a negociar com os mouros.
Quando
o famoso piloto Mermoz se apresentou para ser admitido e fez uma espantosa
demonstração de pilotagem em Toulouse, Daurat disse-lhe: «Não tenho
necessidade de artistas de circo, mas de condutores de autocarros!». Porém,
convencido das suas qualidades, admitiu-o para – entretanto – se ocupar da limpeza
de motores…
Os
seus métodos deram resultado nas Linhas Latécoère e, depois, na Aéropostale.
Os aviões atingiram uma pontualidade e uma taxa de fiabilidade incomuns para a
época, primeiro na linha Toulouse – São Luís do Senegal e depois na Toulouse –
Santiago do Chile, com travessias do Atlântico Sul e dos Andes.
Quando
a Aéropostale foi integrada na Air France em 1933, Daurat não foi
admitido e, dois anos depois, fundou a companhia Air Bleu para o transporte
de correio em território francês, tanto de dia como de noite. Os resultados foram
excelentes, mas a companhia foi militarizada quando da declaração de guerra em 1939.
Depois
da Libertação, ele reactivou os voos nocturnos, tornando-se mais tarde
chefe do centro de exploração da Air France em Orly, até se reformar em
1953.
Didier
foi a alma da Aéropostale. A fiabilidade dos seus pilotos era tal que
faziam quase um sacerdócio das suas missões. Em 7 200 voos de noite, apenas um
teve de aterrar fora do local previsto por causa do mau tempo.
Quando
morreu, em 1969, teve direito a um privilégio excepcional, o de ser enterrado,
a seu pedido, no aeródromo de Toulouse-Montaudran, antiga base da Aéropostale.
Antoine de Saint-Exupéry inspirou-se nele para o personagem principal do seu
romance “Vol de nuit” (1931), que foi também adaptado ao cinema.
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