EFEMÉRIDE - Carl Barks,
ilustrador norte-americano dos estúdios
Disney e criador de histórias de banda desenhada, morreu em Grants Pass no
dia 25 de Agosto de 2000. Nascera em Merrill, Oregon, em 27 de Março de
1901. Foi responsável pela criação de Patópolis
e muitos dos seus habitantes: Tio
Patinhas (1947), Gastão (1948), Irmãos Metralha (1951), Professor Pardal (1952) e Maga Patalójika (1961), entre outros.
A qualidade dos seus guiões e desenhos rendeu-lhe as alcunhas de O Homem dos Patos e O Bom Artista dos Patos. O autor de BD Will Eisner chamou-o também «O Hans Christian Andersen da Banda Desenhada».
De acordo com a própria descrição da sua infância, Carl era uma criança bastante solitária. A escola mais próxima ficava aproximadamente a 3 km e ele tinha que caminhar aquela distância diariamente. A área rural onde vivia tinha poucas crianças e a escola só tinha uns oito/dez alunos. As aulas iam das nove horas da manhã até às quatro da tarde.
Em 1908, a família mudou-se para Midland, alguns km ao norte de Merril, por ser mais próxima das (então novas) linhas de caminho de ferro. O pai estabeleceu uma fazenda de criação de gado e vendia a produção para os matadouros locais.
Em 1911, já tinham ganho o suficiente para se mudarem para Santa Rosa, na Califórnia. Começaram a cultivar legumes e tinham alguns pomares. Infelizmente, os lucros não eram tão altos quanto esperavam e a família começou a ter dificuldades financeiras. Decidiram voltar para Merrill. Estava-se em 1913 e Carl já tinha doze anos. Devido às mudanças frequentes, não tinha ainda conseguido completar a escola primária. Retomou então os seus estudos, que finalizou em 1916.
Este ano (1916) foi um período decisivo na vida de Carl por várias razões. Primeiro, morreu-lhe a mãe. Os seus problemas de audição agudizaram-se a ponto de ter dificuldade em escutar o que as pessoas diziam. A escola secundária mais próxima ficava a 8 km e, mesmo que ele se matriculasse, provavelmente a sua surdez traria problemas de aprendizagem. Muito decepcionado, Carl teve de decidir a paragem da sua educação escolar. Na ocasião, era um adolescente bastante tímido e melancólico.
Barks começou a ocupar-se com vários trabalhos, sem muito sucesso: fazendeiro, lenhador, torneiro, condutor de mulas, vaqueiro e impressor. Ao mesmo tempo, interagia com colegas que tinham disposição satírica, mesmo perante as maiores adversidades. Carl diria mais tarde que, se não fosse o humor nas suas vidas atribuladas, teriam enlouquecido. Daí em diante, Carl adoptaria essa atitude na vida, o que influenciaria a criação dos seus personagens mais conhecidos: Pato Donald e Tio Patinhas. Através deles, Carl viria a mostrar mesmo um sentido de humor sarcástico.
Carl começou a pensar no modo de transformar o seu passatempo de desenhar numa profissão. Tentou melhorar o seu estilo copiando os desenhos dos artistas de histórias de BD dos jornais. Procurou criar as suas próprias expressões faciais, figuras e situações cómicas.
Aos 16 anos, ele era basicamente um autodidacta, mas decidiu receber algumas lições por correspondência. Só seguiu as primeiras quatro lições, porque o trabalho tomava muito do seu tempo. Porém, as lições foram muito úteis na melhora do seu estilo.
Em Dezembro de 1918, deixou a casa paterna para procurar trabalho em São Francisco, Califórnia. Trabalhou durante algum tempo numa pequena editora, enquanto tentava vender os seus desenhos a jornais e outras publicações, mas não teve muito êxito. Após dois anos sem sucesso, voltou ao Oregon. Foi depois para Roseville e, durante cinco anos, desenhou para uma empresa chamada Pacific Fruit Express. Em 1928, trabalhava como desenhador de charges para a revista “Calgary Eye-Opener” de Mineápolis.
Em 1935, começou como animador, guionista e director de criação nos Estúdios Disney, onde viria a construir uma sólida reputação. Apesar de trabalhar basicamente com desenhos animados do Pato Donald, ocupou-se também de duas sequências do filme “Bambi” e foi intercalador num desenho do Mickey.
Em 1942, a editora que publicava as histórias do Pato Donald da Disney em banda desenhada precisou de material inédito e procurou-o. Foi aí que surgiu “Donald Duck Finds Pirate Gold”, aventura baseada numa animação que não chegara a sair do papel.
Em Novembro daquele ano, Barks deixou o emprego de animador. O motivo ‘oficial’ foi que o ar-condicionado agravara a sua sinusite, mas os problemas principais foram o racionamento de combustíveis imposto pela Segunda Guerra Mundial, o que dificultava o acesso ao escritório, e o facto de fazer desenhos animados com propaganda bélica. No mês seguinte, trabalhando a partir de casa, passou a colaborar regularmente com a Western Publishing, que editava as BD do Pato Donald. A editora enviou-lhe um argumento, que ele deveria desenvolver. Percebendo alguns erros no guião, Barks escreveu de volta perguntando se poderia fazer modificações. Face à resposta afirmativa, deu o seu estilo à trama, o que lhe valeu um convite para escrever uma história e desenhá-la. A partir daí, iniciou um trabalho que produziu, ao longo de 25 anos, mais de 6 mil páginas e 500 histórias.
Além dos personagens Disney, Barks criou outros que surgiriam em curtas-metragens de animação da MGM, de Walter Lantz e da Warner Bros.
Em Maio de 1994, quando já tinha 93 anos, Barks veio pela primeira vez à Europa, numa ‘tournée’ por onze países, que incluiu desfiles em carro aberto, sessões de autógrafos e reuniões com autoridades e artistas locais.
Carl Barks, que se reformara em 1966, dedicando-se - a partir daí - a pintar em quadros a óleo os diversos heróis da Disney, influenciou vários outros artistas. Talvez o mais famoso seja o cineasta Steven Spielberg, que baseou em guiões do Homem dos Patos, pelo menos duas cenas dos filmes de Indiana Jones.
Casado três vezes, Carl faleceu aos 99 anos de idade, vítima de leucemia.
A qualidade dos seus guiões e desenhos rendeu-lhe as alcunhas de O Homem dos Patos e O Bom Artista dos Patos. O autor de BD Will Eisner chamou-o também «O Hans Christian Andersen da Banda Desenhada».
De acordo com a própria descrição da sua infância, Carl era uma criança bastante solitária. A escola mais próxima ficava aproximadamente a 3 km e ele tinha que caminhar aquela distância diariamente. A área rural onde vivia tinha poucas crianças e a escola só tinha uns oito/dez alunos. As aulas iam das nove horas da manhã até às quatro da tarde.
Em 1908, a família mudou-se para Midland, alguns km ao norte de Merril, por ser mais próxima das (então novas) linhas de caminho de ferro. O pai estabeleceu uma fazenda de criação de gado e vendia a produção para os matadouros locais.
Em 1911, já tinham ganho o suficiente para se mudarem para Santa Rosa, na Califórnia. Começaram a cultivar legumes e tinham alguns pomares. Infelizmente, os lucros não eram tão altos quanto esperavam e a família começou a ter dificuldades financeiras. Decidiram voltar para Merrill. Estava-se em 1913 e Carl já tinha doze anos. Devido às mudanças frequentes, não tinha ainda conseguido completar a escola primária. Retomou então os seus estudos, que finalizou em 1916.
Este ano (1916) foi um período decisivo na vida de Carl por várias razões. Primeiro, morreu-lhe a mãe. Os seus problemas de audição agudizaram-se a ponto de ter dificuldade em escutar o que as pessoas diziam. A escola secundária mais próxima ficava a 8 km e, mesmo que ele se matriculasse, provavelmente a sua surdez traria problemas de aprendizagem. Muito decepcionado, Carl teve de decidir a paragem da sua educação escolar. Na ocasião, era um adolescente bastante tímido e melancólico.
Barks começou a ocupar-se com vários trabalhos, sem muito sucesso: fazendeiro, lenhador, torneiro, condutor de mulas, vaqueiro e impressor. Ao mesmo tempo, interagia com colegas que tinham disposição satírica, mesmo perante as maiores adversidades. Carl diria mais tarde que, se não fosse o humor nas suas vidas atribuladas, teriam enlouquecido. Daí em diante, Carl adoptaria essa atitude na vida, o que influenciaria a criação dos seus personagens mais conhecidos: Pato Donald e Tio Patinhas. Através deles, Carl viria a mostrar mesmo um sentido de humor sarcástico.
Carl começou a pensar no modo de transformar o seu passatempo de desenhar numa profissão. Tentou melhorar o seu estilo copiando os desenhos dos artistas de histórias de BD dos jornais. Procurou criar as suas próprias expressões faciais, figuras e situações cómicas.
Aos 16 anos, ele era basicamente um autodidacta, mas decidiu receber algumas lições por correspondência. Só seguiu as primeiras quatro lições, porque o trabalho tomava muito do seu tempo. Porém, as lições foram muito úteis na melhora do seu estilo.
Em Dezembro de 1918, deixou a casa paterna para procurar trabalho em São Francisco, Califórnia. Trabalhou durante algum tempo numa pequena editora, enquanto tentava vender os seus desenhos a jornais e outras publicações, mas não teve muito êxito. Após dois anos sem sucesso, voltou ao Oregon. Foi depois para Roseville e, durante cinco anos, desenhou para uma empresa chamada Pacific Fruit Express. Em 1928, trabalhava como desenhador de charges para a revista “Calgary Eye-Opener” de Mineápolis.
Em 1935, começou como animador, guionista e director de criação nos Estúdios Disney, onde viria a construir uma sólida reputação. Apesar de trabalhar basicamente com desenhos animados do Pato Donald, ocupou-se também de duas sequências do filme “Bambi” e foi intercalador num desenho do Mickey.
Em 1942, a editora que publicava as histórias do Pato Donald da Disney em banda desenhada precisou de material inédito e procurou-o. Foi aí que surgiu “Donald Duck Finds Pirate Gold”, aventura baseada numa animação que não chegara a sair do papel.
Em Novembro daquele ano, Barks deixou o emprego de animador. O motivo ‘oficial’ foi que o ar-condicionado agravara a sua sinusite, mas os problemas principais foram o racionamento de combustíveis imposto pela Segunda Guerra Mundial, o que dificultava o acesso ao escritório, e o facto de fazer desenhos animados com propaganda bélica. No mês seguinte, trabalhando a partir de casa, passou a colaborar regularmente com a Western Publishing, que editava as BD do Pato Donald. A editora enviou-lhe um argumento, que ele deveria desenvolver. Percebendo alguns erros no guião, Barks escreveu de volta perguntando se poderia fazer modificações. Face à resposta afirmativa, deu o seu estilo à trama, o que lhe valeu um convite para escrever uma história e desenhá-la. A partir daí, iniciou um trabalho que produziu, ao longo de 25 anos, mais de 6 mil páginas e 500 histórias.
Além dos personagens Disney, Barks criou outros que surgiriam em curtas-metragens de animação da MGM, de Walter Lantz e da Warner Bros.
Em Maio de 1994, quando já tinha 93 anos, Barks veio pela primeira vez à Europa, numa ‘tournée’ por onze países, que incluiu desfiles em carro aberto, sessões de autógrafos e reuniões com autoridades e artistas locais.
Carl Barks, que se reformara em 1966, dedicando-se - a partir daí - a pintar em quadros a óleo os diversos heróis da Disney, influenciou vários outros artistas. Talvez o mais famoso seja o cineasta Steven Spielberg, que baseou em guiões do Homem dos Patos, pelo menos duas cenas dos filmes de Indiana Jones.
Casado três vezes, Carl faleceu aos 99 anos de idade, vítima de leucemia.
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