sexta-feira, 21 de junho de 2019

21 DE JUNHO - HENRIQUETA MARTINS CATHARINO


EFEMÉRIDE - Henriqueta Martins Catharino, educadora, pioneira do feminismo e responsável directa pela formação de um dos mais ricos acervos memoriais de vestuário, cultura popular e histórico da Bahia, um dos mais importantes do Brasil, morreu em Salvador no dia 21 de Junho de 1969. Nascera em Feira de Santana, em 12 de Dezembro de 1886.
Era um dos catorze filhos do rico comerciante e industrial Bernardo Catharino, português que emigrou ainda jovem para o Brasil, e de Úrsula Costa Martins Catharino, de família tradicional da cidade do interior baiano. O pai tornou-se, na primeira metade do século XX, o maior empresário do estado da Bahia. A mãe, por sua vez, possuía uma forte formação católica.
A grande riqueza familiar permitiu que Henriqueta tivesse, em casa, a melhor educação disponível naquela época, quando poucas eram as mulheres que estudavam. Era a professora Cândia Campos de Carvalho, que lhe orientava os estudos, que incluíam ainda aulas de alemão, inglês e francês, o idioma mais falado na altura. Tinha, também, aulas de piano e de artes. Fez muitas viagens à Europa, sobretudo a Paris, então o principal centro cultural do mundo.
Juntamente com a médica Francisca Praguer Fróes (1872/1931), uma das primeiras feministas do Brasil, o seu nome figura entre as mulheres que primeiro se preocuparam com o papel activo da Mulher na sociedade. Lutava pela ampliação dos direitos civis, tais como o direito ao voto e a inserção de forma efectiva no mercado do trabalho.
O seu espírito de iniciativa manifestou-se, ainda antes de completar trinta anos, com a fundação, na capital baiana. de uma biblioteca, chamada “Propaganda da Boa Leitura”, na primeira década do século XX. Organizava também as chamadas “tardes de costura”, actividade filantrópica onde diversas senhoras cosiam para as pessoas pobres.
Em 1923, criou a Casa São Vicente, junto de monsenhor Flaviano Osório Pimentel, que viria a ser o núcleo da Fundação Instituto Feminino da Bahia. Ali passou a receber pessoas necessitadas, em diversos locais que adquiriu com a sua parte na herança materna (1924) e depois com a antecipação da herança paterna. Diversas colecções foram sendo doadas e outros objectos eram adquiridos, de forma que, além de cursos, passou a abrigar dois museus e a biblioteca.
Para além das actividades que se perpetuaram na preservação memorial, labutou no auxílio a pessoas do povo, mesmo aquelas que eram vítimas de preconceitos, fundando uma das primeiras entidades de defesa racial, a Frente Negra, em São Paulo e na Bahia (1932).
Henriqueta Catharino é nome de colégio e rua, na capital baiana. A maior e mais importante homenagem foi dar o seu nome, na década de 1980, ao museu que idealizou e ajudou a fundar, hoje um dos mais importantes espaços memoriais deste estado brasileiro. Há também um edifício, situado no centro da cidade, que tem o nome de Henriqueta Catharino. Esta atribuição deveu-se ao facto de, nesse local, funcionar o antigo Instituto Feminino da Bahia, do qual ela foi proprietária.

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