EFEMÉRIDE
– Nelson Falcão Rodrigues, jornalista e escritor, considerado o mais
influente dramaturgo brasileiro, morreu no Rio de Janeiro em 21 de Dezembro de
1980. Nascera no Recife em 23 de Agosto de 1912.
A
família mudou-se em 1916 para o Rio de Janeiro. Apenas com treze anos, Nelson começou
a trabalhar no jornal “A Manhã”, que era propriedade do pai. Foi depois repórter
policial durante longos anos, tendo acumulado uma vasta experiência para
escrever as suas peças a respeito da sociedade.
A
partir de 1940, começou a dividir-se entre o jornalismo, então n’ “O Globo”,
e a dramaturgia. Em 1941, escreveu a sua primeira peça, “A Mulher sem Pecado”,
que lhe deu os primeiros sinais de sucesso no mundo teatral. O êxito surgiria,
a sério, com “Vestido de Noiva”, que trazia – em matéria de teatro – uma
renovação nunca vista nos palcos brasileiros. Com três planos simultâneos
(realidade, memória e alucinação), as inovações estéticas da peça iniciaram o
processo de modernização do teatro no Brasil.
A
consagração consumou-se com vários outros sucessos, transformando-o no grande
representante da literatura teatral do seu tempo, apesar das suas peças serem classificadas
muitas vezes como obscenas e imorais.
Em
1945, abandonou “O Globo” e passou a trabalhar nos “Diários Associados”.
Em “O Jornal,” um dos órgãos de informação propriedade de Assis
Chateaubriand, começou a escrever o seu primeiro folhetim, “Meu destino é
pecar”, assinado com o pseudónimo "Susana Flag". O sucesso
do folhetim foi tal que fez aumentar as vendas do jornal e estimulou Nelson a
escrever a sua terceira peça – “Álbum de família”.
Em
Fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e foi
proibido. A representação de “Álbum de família” só seria autorizada em
1965. Em Abril de 1948, estreou “Anjo negro”, peça que possibilitou a
Nelson a aquisição de uma casa no bairro do Andaraí. Em 1949, lançou “Doroteia”.
Em
1950, passou a trabalhar no jornal “Última Hora”, onde começou a
escrever as crónicas “A vida como ela é”, o seu maior sucesso jornalístico.
Na década seguinte, foi para a TV Globo, que acabava de ser fundada, participando
na “Grande Resenha Esportiva Facit”, a primeira “mesa-redonda” sobre
futebol na televisão brasileira. Nelson tinha uma grande paixão pelo futebol e
era um adepto ferrenho do Fluminense FC. Em 1967, passou a publicar as suas
“Memórias” no “Correio da Manhã”, jornal no qual o pai trabalhara
cinquenta anos antes.
Já consagrado
como jornalista e dramaturgo, a sua saúde começou a fraquejar. O período
coincidiu com os anos da ditadura militar. Entretanto, o filho – também Nelson –
tornou-se guerrilheiro e passou à clandestinidade. Por essa época, também
aconteceu o fim do seu casamento com Elza e o início da sua relação com Lúcia. Divorciou-se
de novo, ainda manteve um rápido relacionamento com a sua secretária e, finalmente,
reatou o casamento com Elza.
Nelson
faleceu numa manhã de domingo, aos 68 anos de idade, vítima de complicações
cardíacas e respiratórias. No fim da tarde desse mesmo dia, um seu boletim do totobola
brasileiro obtinha o primeiro prémio, em parceria com um irmão e alguns
amigos de “O Globo”.
Dois
meses depois, Elza atendeu o pedido que o marido lhe havia feito, fazendo gravar
o seu nome ao lado do dele, na lápide do túmulo, sob a inscrição: «Unidos para
além da vida e da morte. E é só.».
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