domingo, 10 de junho de 2018

10 DE JUNHO - JACK JOHNSON


EFEMÉRIDE - John Arthur “JackJohnson, pugilista norte-americano, morreu em Raleigh no dia 10 de Junho de 1946. Nascera em Galveston, em 31 de Março de 1878. Entrou para história, ao ter-se tornado o primeiro negro campeão mundial dos pesos-pesados, título conquistado em 1908 e mantido até 1915.
Filho de ex-escravos, estudou apenas durante cinco anos, tendo deixado a escola para trabalhar como estivador nas docas.
Iniciou a sua carreira no boxe, discretamente, em 1897, não tendo enfrentado grandes adversários até 1901, quando perdeu para o consagrado Joe Choynski. Esta luta mudaria a carreira de Johnson, não pelo que aconteceu no ringue, mas pelo que se sucedeu depois do combate. Detidos na prisão após a luta, Choynski e Johnson permaneceram um mês encarcerados juntos, o que acabou por selar uma amizade entre os dois, que levou o veterano Choynski a tornar-se treinador de Johnson.
Numa época de extrema segregação racial na América, Johnson teve de ser considerado primeiro o maior lutador negro do seu tempo, antes de poder pensar em conquistar o título mundial. Após travar grandes combates contra John Haines e Hank Griffin, em 1902, Johnson conseguiu uma importante vitória sobre Frank Childs, que o colocou em posição de desafiar o campeão Denver Ed Martin.
Em 1903, Johnson derrotou Denver e tornou-se campeão mundial negro dos pesos-pesados, título este que o levou a poder desafiar o campeão mundial dos pesos-pesados James Jeffries. Naturalmente, seguindo o pensamento segregacionista da época, Jeffries recusou-se a colocar o seu título em disputa contra Johnson, pois apesar das lutas inter-raciais já acontecerem naquele tempo, a defesa de um título mundial contra um negro ainda era algo inconcebível para a sociedade branca.
O estilo diferente de Johnson boxear também foi alvo de críticas pela imprensa discriminatória da época. Lutando defensivamente, sempre a espera de um erro do adversário, que lhe permitisse uma abertura para um golpe mais preciso e cauteloso, Johnson foi apelidado pelos jornais de lutador covarde e desonesto. Em contrapartida, uma década antes, essa mesma imprensa enaltecia o então campeão Jim Corbett, chamando-o «o mais inteligente homem no mundo do boxe». Agora, não tomava em consideração que Johnson repetia basicamente as mesmas tácticas praticadas por Corbett.
Apesar de tudo, com a ascensão do canadiano Tommy Burns à condição de campeão mundial dos pesos-pesados, Johnson vislumbrou uma nova oportunidade de tentar disputar o título mundial. Assim, quando Burns iniciou a sua volta ao mundo, Johnson seguiu-o pela Inglaterra, e depois até à Austrália, sem nunca perder uma oportunidade de desafiar o campeão na presença de jornalistas.
Finalmente, em Dezembro de 1908, Tommy Burns e Jack Johnson subiram ao ringue, numa inédita disputa pelo título mundial dos pesos-pesados. Realizado em Sydney, na Austrália, o combate atraiu a atenção de um público de mais de vinte mil pessoas, que assistiu à técnica de Johnson prevalecer sobre a agressividade do campeão Burns. A filmagem da luta foi cortada quando se tornou evidente que Johnson iria pôr Burns KO. Como a polícia interrompeu o combate no 14º assalto, coube ao árbitro declarar Johnson como vencedor e novo campeão mundial dos pesos-pesados.
Após esta vitória, a questão racial tomou proporções tão profundas, que se deu início à época das «esperanças brancas», um perí0do em que a reconquista do título mundial por um pugilista branco se tornou o foco principal no mundo do boxe. Nunca antes houvera um campeão tão impopular como Johnson. Somente em 1909, Johnson teve de defender o seu título contra diversas «esperanças brancas».
Em 1910, o campeão dos pesos-pesados James Jeffries, que se havia aposentado invicto, cinco anos antes, decidiu voltar aos ringues com o único intuito de destronar o campeão negro Jack Johnson. Mais do que um desafio pessoal, Jeffries deixou bem claro que a razão da luta era a questão racial.
Aconteceu em 4 de Julho de 1910 a chamada «Luta do Século», que juntou um público de vinte e dois mil espectadores, rendendo duzentos e vinte e cindo mil dólares. Inflamada com coros racistas contra Johnson, o público presenciou estupefacto a queda da «grande esperança branca» no 15º assalto. Jeffries, que nunca havia sofrido uma queda na sua carreira, conseguiu reerguer-se, tão somente para tornar a ser derrubado por Johnson. A multidão passou então a pedir a paragem da luta, a fim de evitar o KO de Jeffries.
Com a vitória sobre o grande James Jeffries, Johnson silenciou de vez todos os seus críticos, que vinham tentando desvalorizar o título conquistado frente a Tommy Burns, sob a alegação de que o lutador canadiano era um falso campeão. Por outro lado, nas ruas, surgiu uma onda de violência racial, em confrontos que aconteceram em mais de cinquenta cidades, ao longo de todo os Estados Unidos, e que causaram pelo menos vinte e cinco mortes, além de centenas de feridos.
Johnson defendeu com sucesso o seu título mais seis vezes, antes de acabar por o perder, em 1915, para Jess Willard. A luta entre Johnson e Willard, ocorrida em Havana, foi presenciada por um público de vinte e cinco mil pessoas, que assistiram à derrocada de Johnson, quando este foi posto KO no 26º assalto, numa luta programada para durar 47. O título estava de regresso a um pugilista branco.
Johnson continuou a lutar. O último combate registado aconteceu em 1938, quando já tinha 60 anos de idade. Faleceu vítima de um acidente de carro, em 1946. 
Em 1990, Jack Johnson fez parte da primeira selecção de pugilistas que entraram para a galeria dos mais distintos boxeadores de todos os tempos, que hoje estão imortalizados no International Boxing Hall of Fame.

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