EFEMÉRIDE
– Fernão Mendes Pinto, aventureiro, soldado, diplomata, explorador e
escritor português, morreu no Pragal, Almada, em 8 de Julho de 1583.
Nascera em Montemor-o-Velho, entre os anos 1509 e 1514. Em 2011, foi
homenageado com uma moeda comemorativa de 2 euros. A TAP, pelo seu lado,
homenageou-o também ao atribuir o seu nome a uma das aeronaves da companhia. Na
freguesia do Pragal, onde faleceu, há uma escultura que o representa,
inaugurada em Dezembro de 1983.
Fez
parte de uma das primeiras expedições portuguesas que logrou alcançar o Japão
em 1542. A
chegada de portugueses ao Japão foi muito celebrada e perdura ainda na memória
cultural japonesa, também porque permitiu a introdução das armas de fogo
naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto descreveu o espanto e o interesse
das autoridades locais, quando viram um dos seus companheiros disparar uma arma
enquanto caçava.
Ainda
pequeno, um tio trouxe-o para Lisboa, onde o pôs ao serviço da casa de D. Jorge
de Lencastre, duque de Aveiro, filho bastardo do rei D. João II. Manteve-se
aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio
D. Jorge.
Em
1537, partiu para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com o
que relatou na sua obra “Peregrinação”, foi durante uma expedição ao mar
Vermelho – em 1538 – que participou num combate naval com os otomanos, tendo
sido feito prisioneiro e vendido a um grego. Este vendeu-o por sua vez a um
judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.
Acompanhou
Pedro de Faria a Malaca, de onde fez o ponto de partida para as suas aventuras,
tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião,
arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado
do pirata António de Faria. Numa das suas viagens, conheceu São Francisco
Xavier e, influenciado pela sua personalidade, decidiu entrar para a Companhia
de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.
Em
1554, depois de libertar os seus escravos, foi para o Japão como noviço da Companhia
de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha. Esta viagem
constituiu um desencanto para ele. Desgostoso, abandonou o noviciado e
regressou a Portugal.
Com
a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar
documentos comprovativos dos feitos realizados pela pátria, que lhe deram
direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a Quinta de
Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1569 e 1578, a obra que nos legou,
a “Peregrinação”. Esta só viria a ser publicada cerca de 30 anos após a
sua morte, receando-se que o original tenha sofrido alterações, às quais não
seriam alheios os jesuítas. O livro (de 700 páginas) passou também o crivo da Inquisição.
Deixou-nos
um relato tão extraordinário que, durante muito tempo, não se acreditou na sua
veracidade. De tal modo, que até se fazia um jocoso jogo de palavras com o seu
nome: «Fernão Mendes Minto» ou então «Fernão, mentes? Minto!». A
“Peregrinação”, porém, tornou-se um sucesso, tendo rapidamente dezanove
edições em seis línguas.
Na
actualidade, Fernão Mendes Pinto é considerado um dos maiores escritores da
literatura portuguesa e mundial. Ele contribuiu, ao lado de Luís de Camões,
para enriquecer e fazer evoluir a língua portuguesa. A sua vida e obra têm sido
tema regular para estudos universitários, um pouco por todo o mundo, nas áreas
de História, Antropologia, Geografia, Sociologia, Semântica
e Literatura.
Existem
ruas com o seu nome em Lisboa, Porto, Montemor-o-Velho, Guimarães, Portimão,
Ovar, Freixo de Espada à Cinta e Loures, em Portugal; no Rio de Janeiro e São
Paulo, no Brasil; em Luanda (Angola), no Maputo (Moçambique) e em Macau na
China.
Em
Março de 2015, o realizador João Botelho afirmou estar a preparar uma adaptação
cinematográfica da “Peregrinação”, que poderá ser estreada em 2018.
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