quarta-feira, 8 de julho de 2015

8 DE JULHO - FERNÃO MENDES PINTO

EFEMÉRIDEFernão Mendes Pinto, aventureiro, soldado, diplomata, explorador e escritor português, morreu no Pragal, Almada, em 8 de Julho de 1583. Nascera em Montemor-o-Velho, entre os anos 1509 e 1514. Em 2011, foi homenageado com uma moeda comemorativa de 2 euros. A TAP, pelo seu lado, homenageou-o também ao atribuir o seu nome a uma das aeronaves da companhia. Na freguesia do Pragal, onde faleceu, há uma escultura que o representa, inaugurada em Dezembro de 1983.
Fez parte de uma das primeiras expedições portuguesas que logrou alcançar o Japão em 1542. A chegada de portugueses ao Japão foi muito celebrada e perdura ainda na memória cultural japonesa, também porque permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto descreveu o espanto e o interesse das autoridades locais, quando viram um dos seus companheiros disparar uma arma enquanto caçava.
Ainda pequeno, um tio trouxe-o para Lisboa, onde o pôs ao serviço da casa de D. Jorge de Lencastre, duque de Aveiro, filho bastardo do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio D. Jorge.
Em 1537, partiu para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com o que relatou na sua obra “Peregrinação”, foi durante uma expedição ao mar Vermelho – em 1538 – que participou num combate naval com os otomanos, tendo sido feito prisioneiro e vendido a um grego. Este vendeu-o por sua vez a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.
Acompanhou Pedro de Faria a Malaca, de onde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião, arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata António de Faria. Numa das suas viagens, conheceu São Francisco Xavier e, influenciado pela sua personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.
Em 1554, depois de libertar os seus escravos, foi para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha. Esta viagem constituiu um desencanto para ele. Desgostoso, abandonou o noviciado e regressou a Portugal.
Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos feitos realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1569 e 1578, a obra que nos legou, a “Peregrinação”. Esta só viria a ser publicada cerca de 30 anos após a sua morte, receando-se que o original tenha sofrido alterações, às quais não seriam alheios os jesuítas. O livro (de 700 páginas) passou também o crivo da Inquisição.
Deixou-nos um relato tão extraordinário que, durante muito tempo, não se acreditou na sua veracidade. De tal modo, que até se fazia um jocoso jogo de palavras com o seu nome: «Fernão Mendes Minto» ou então «Fernão, mentes? Minto!». A “Peregrinação”, porém, tornou-se um sucesso, tendo rapidamente dezanove edições em seis línguas.
Na actualidade, Fernão Mendes Pinto é considerado um dos maiores escritores da literatura portuguesa e mundial. Ele contribuiu, ao lado de Luís de Camões, para enriquecer e fazer evoluir a língua portuguesa. A sua vida e obra têm sido tema regular para estudos universitários, um pouco por todo o mundo, nas áreas de História, Antropologia, Geografia, Sociologia, Semântica e Literatura.
Existem ruas com o seu nome em Lisboa, Porto, Montemor-o-Velho, Guimarães, Portimão, Ovar, Freixo de Espada à Cinta e Loures, em Portugal; no Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil; em Luanda (Angola), no Maputo (Moçambique) e em Macau na China.
Em Março de 2015, o realizador João Botelho afirmou estar a preparar uma adaptação cinematográfica da “Peregrinação”, que poderá ser estreada em 2018. 

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